"É o Fim": Atores interpretam eles mesmos em festa comandada por Franco

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
11/10/2013 às 10:31.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:15

Numa das primeiras cenas de "É o Fim", o comediante Seth Rogen (de "Ligeiramente Grávidos") ouve de uma pessoa no aeroporto que ele está fazendo o mesmo papel em todos os filmes, sendo apenas Seth Rogen. Não é a primeira vez que se critica o seu estilo de humor, mas certamente essa opinião nunca tinha sido manifestada num longa-metragem dirigido pelo próprio Rogen.

Ele não só faz piada de si como também de toda a turma que, sob a batuta do diretor e produtor Judd Apatow ("Super Bad – É Hoje"), criou uma comicidade politicamente incorreta e realista, em que os personagens são geralmente infantiloides, machistas, fãs de maconha e tão derrotados que sentimos pena deles – mais: vemos neles alguém próximo da gente.

"Vida real"

Rogen se apropria dessas características para zombar de seus colegas, entre eles Jay Baruchel, Jonah Hill, Danny McBride, Michael Cera, Jason Segel, Paul Rudd, Craig Robinson, Christopher Mintz-Plasse, Martin Starr e James Franco.

A brincadeira de "É o Fim" reside em mostrar que, ao interpretarem eles mesmos, o jeito meio tapado e sacana não se limitaria às produções, que apenas reproduziriam o que são na chamada vida real.

Como atores de Hollywood, eles são ridicularizados sem cerimônia. James Franco, anfitrião de uma festa em sua casa, quer forçar a amizade com Rogen em busca de novos horizontes para sua carreira, chegando a discutir a possibilidade de uma segunda parte para "Segurando as Pontas".

Sugere que, ao final, morreria em defesa do amigo, ao ser "comido" pelo personagem de Woody Harrelson.

Jonah Hill ("Super Bad") é mostrado como falso e se sente acima dos demais por ter sido indicado ao Oscar de ator coadjuvante, por "O Homem que Mudou o Jogo".

Em determinado momento, quando um aparente terremoto interrompe a festa, ele avisa que os policias e os bombeiros viriam salvar estrelas como ele, Sandra Bullock e George Clooney.

Discórdia

McBride é o egoísta desprezível, como em quase todos os filmes que fez, sempre pondo o grupo em discórdia.

Em pior situação ficou mesmo Michael Cera (o atleta bobinho de "Juno"), que é, digamos, "sorvido" dos dois lados no banheiro, além de se entupir de cocaína.
Outros que não são da turma, como a cantora Rihanna e a inglesa Emma Watson (da série "Harry Potter"), fazem participações especiais.

Não se trata de um pseudo-documentário, com câmera na mão e em tempo real. O filme, por sinal, tira um sarro desse sub-gênero quando a trupe fala diretamente para a câmera (referência também ao programa "Big Brother", ao relatarem suas diferenças num "confessionário").

A história é um exagero só e nos remete às sandices do diretor Kevin Smith ("Procura-se Amy"), que também tinha sua turminha de atores.

Em comédia, cada ator encarna um arquétipo

Rogen (ao lado de Evan Goldberg, produtor e roteirista dos filmes de Apatow) faz o seu "O Império (do Besteirol) Contra-Ataca" (2001), mas é menos bizarro, apostando numa história sobre os valores da amizade, recheada de citações a filmes. Baruchel é lembrado por sua ponta em "Menina de Ouro" e Franco guarda a câmera de "127 Horas".

Cada ator encarna um arquétipo, entregando assim o esqueleto de roteiros com a assinatura de Apatow. Só que o "bonzinho" da vez é Baruchel, que, apesar de não abrir mão de uma maconha, revela-se reticente ao ambiente superficial de Hollywood. E o gênero a ser zombado é a ficção científica, com direito a zumbis, sequestro de humanos e um ser monstruoso, que exibe um pênis enorme.

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