Editora Mínimas entra em cena com a proposta de endossar o apreço às publicações físicas

Vanessa Perroni - Do Hoje em Dia
18/02/2013 às 09:57.
Atualizado em 21/11/2021 às 01:05

(Divulgação)

O ano passado foi marcado, no mercado editorial brasileiro, pelo fortalecimento do segmento dos e-books. Mas a transição dos livros para o formato digital não assusta alguns entusiastas do livro físico, que ainda se arriscam em editoras menores e com um público-alvo bem definido.

Caso da jornalista mineira (hoje radicada em São Paulo) Maria Lutterbach. Após fazer mestrado na área de edição em Barcelona, em 2011, decidiu montar uma editora, a Mínimas, que entrou no mercado brasileiro ano passado. "Vim para São Paulo pois já fazia alguns trabalhos para empresas daqui. Comecei a me interessar por livros-objetos e achei esse mestrado em Barcelona, que não era direcionado a esse tipo específico de livro, mas deu base para montar a editora", rememora.

Sem pressa

Em Barcelona, Maria conheceu o seu atual sócio, o chileno Iván Larraguibel. "Mostrei meu projeto de final de curso a ele e tivemos a ideia de montar a editora no Brasil – ela já existia em Barcelona, pelas mãos de Iván, desde 2006", relata.

O nome Mínimas não foi uma escolha aleatória. "Não queremos ser 'máximo' em quantidade, mas primar pela qualidade. O nome se refere à condição de uma editora pequena. Estamos na contramão do mercado, queremos defender as edições limitadas, feitas sem tanta pressa e com muito cuidado".

No projeto editorial de Maria e Iván, os livros não têm território nem idioma definido. "A seleção de autores se dá pelo encantamento por conteúdos originais que possam ser transformados em livros únicos", explica Iván.

Para Maria, o livro de papel está associado ao fetiche. "Nos e-books, você tem quantos livros quiser, sem problemas, é muito prático. Mas o livro-objeto pode ser uma tendência, pois tem algo de fetiche com o objeto, de poder preservar", acredita.

O público da Mínimas é bem específico. "São pessoas interessadas em design e arte, por isso a editora é pequena, pois não é um público vasto". Dessa forma, a estratégia de venda tem que ser pensada com cautela.

"Temos que entender onde está esse público para viabilizar a venda. Enquanto uma grande editora faz seu trabalho de distribuição, nós vamos atrás do público em eventos", registra. E complementa: o ideal é não fazer em livrarias tradicionais, mas em locais onde a noite de autógrafos se transforme em uma espécie de festa em torno do livro.

Iván acredita que o público da Mínimas esteja concentrado no Sudeste, precisamente em São Paulo. "O mercado brasileiro é menor que o de Barcelona, mas, ao mesmo tempo, maior, pois o público é concentrado em uma certa região, e não espalhado, como lá. É mais fácil de atingi-los". Os livros da seleta editora são feitos "para ver com as mãos, cortar, cheirar, pendurar na parede, e por ai em diante", frisa ele.

"Bonecas" segue proposta de objetos únicos

A Editora Mínimas entrou no mercado com o título "Bonecas", que marca a estreia do jornalista Duda Fonseca como autor. A publicação traz narrativas afinadas aos tempos atuais, para bonecas que perderam a inocência e a ingenuidade.

Para ser lido com as mãos, o livro tem ilustrações de Ana Vilar, diretora de arte que saiu de Belo Horizonte há alguns anos para morar na capital da Catalunha, e traz uma boneca magrela e 12 figurinos para recortar. As peças são feitas manualmente, com tecidos antigos da ilustradora, retalhos doados e gravatas vintage.

O projeto começou só com os poemas, diz o autor. "Estava num congresso de filosofia estudando Walter Benjamin, que se refere ao universo infantil. Mas como tenho uma irmã mais velha que possui uma coleção de bonecas, sempre reparei muito na relação que existe entre elas e a realidade", conta Duda, que se inspirou na vida real para criar as personagens. Entre elas, a boneca dona de casa, a moleca, a adotada e a sem cabeça.

Tiragem limitada

"A boneca alegre, por exemplo, foi inspirada em uma garota que vi, não tinha um braço, mas se divertia até numa pista de dança, lembrando aquelas bonecas despedaçadas, mas que, mesmo assim, são queridas", conta.

Seguindo a linha editorial de criar objetos únicos, "Bonecas" foi lançado em tiragem limitada (500 exemplares) e numerada.
 


Obra de Duda Fonseca é valorizada pelas ilustrações de Ana Vilar (Foto: Divulgação)

 

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