Eles não trocam papel, disco, CD e DVD por e-book, download e aplicativos

Vanessa Perroni - Hoje em Dia
22/06/2015 às 08:34.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:35

(Montagem)

Livros digitais, sites para download de filmes, e recentemente, os aplicativos para smartphone que disponibilizam milhares de álbuns gratuitamente têm angariado cada vez mais adeptos. Mas, nacontramão desta tendência, resistem os amantes das versões físicas de tais produtos.
 

Nada de iTunes, Spotify ou download. Para o jornalista Gustavo Morais, de 32 anos, que atua na área musical, estas plataformas não substituem o prazer de entrar em uma loja de discos, olharpara a estante e ver os títulos organizados em ordem alfabética e cronológica. “Além de ter sua própria história, cada CD me remete a um momento e me ajuda a contar a minha própria história”, justifica o moço, que há 20 anos investe uma parte de seu dinheiro em discos.

A coletânea “O Melhor do Capital Inicial”, de 1994 foi sua primeira aquisição. De lá pra cá não parou mais. De duas a três vezes por mês ele coloca os pés em um loja especializada. Apossibilidade de encontrar algum item raro é um chamariz.

 

“A conversa com o pessoal da loja sempre rende um aprendizado musical e a possibilidade deconhecer algum som novo”, acrescenta Gustavo, apaixonado por rock e dono de um acervo de mais de 600 títulos. “Já preferi comprar um box do Lynyrd Skynyrd e os dois primeiros ao vivo do Kiss,do que comprar roupas novas para o ano novo”, confessa.
 

Entre sebos e Megastores
Assim como Gustavo, o analista de meio ambiente André Bernardes Machado, de 33 anos, já abriu mão de algumas coisas, só que para comprar livros. “No final de 2010 deixei de ir para o Rio deJaneiro, para comprar uma coletânea de livros sobre a obra de Michelangelo”, revela o rapaz, que é formado em História da Arte.

 

André circula por diferentes livrarias da cidade, para acrescentar títulos à sua prateleira, que atualmente soma 1.700 publicações. “Tenho uma lista de sebos que frequento. Os donos sempre meligam quando chega algo novo”.
 

Para André, cada exemplar físico tem um cheiro diferente, e isso o livro digital não proporciona. “Na livraria você ainda convive com outras pessoas que também estão comprando. E acontece de surgir uma conversa e pedir indicações”, pontua ele, que já levou um livro sobre paisagens de Minas Gerais para casa, após uma dessas conversas entre prateleiras.
 

Para alguns pode parecer exagero, mas o rapaz já chegou a desembolsar R$ 600 reais em apenas um mês só com a compra de livros. Mas para ele, isso é investimento. “Compro cerca de seisexemplares por mês”, diz. Esposa e amigos já estão acostumados. “Eles contribuem com a minhacoleção”, comemora.
 


 

“Você lembra a última vez que entrou em uma videolocadora?” Muitas pessoas teriam que forçar muito a memória, mas o artista plástico Marcelo Brasiliense, de 32 anos, tem a resposta na pontada língua. “Na última quinta-feira”, conta Marcelo, que saiu da Art Vídeo, na Savassi, com um título do cineasta britânico Peter Greenaway.

Sem muita paciência para baixar filmes na internet, ou ir ao cinema, o artista plástico recorre às locadoras. Uma prática que conserva há 15 anos. “O contato com as atendentes que são sempre muito simpáticas, a troca de conhecimento e a variedade de títulos, me leva a alugar filmes”, enumera Marcelo. Para ele, a locadora funciona como uma grande biblioteca. “Descubro novosdiretores e aumento meu repertório”, garante.
 


“A locadora pode nos surpreender”, afirma o estudante de música Rafael Paulino, de 18 anos. Pelomenos três vezes por semana ele vai ao Cine Fórum Vídeo, no bairro Sion. “Muitas vezes entropara alugar um filme e saio com outro. Descubro muitos títulos”, garante. O hábito vem desde pequeno. “No DVD você tem o making of e informações extras. Na internet, assisto apenas documentários”, pontua.

O filme “Tartarugas podem voar”, foi uma das boas descobertas que Rafael diz ter feito dentro da locadora.

Para muitos, mais que DVD e Blu-Ray, ainda vale a sessão com poltrona, pipoca e telona

Quando trabalhava ao lado de um shopping center, o analista de sistemas Danilo Vieira, de 29anos, frequentava salas de cinema praticamente todos os dias. Atualmente ele vai ao menos duasvezes por semana. Ele deixa o conforto e a praticidade de assistir filme em casa por inúmeros motivos. “Qualidade de tela e som. Disponibilidade imediata do filme, pois muitos demoram achegar em outras plataformas, como o Netflix, por exemplo”, cita.
 

Recentemente ele deixou os amigos esperando em um barzinho, para ir na pré-estreia de “JurassicWorld”. “Fomos eu e o pacote de pipoca”, brinca o cinéfilo, que só encontrou os amigos após asessão.
 


Mas o analista de sistemas não está sozinho nesta saga. O economista Alexandre Oliveira, de 26anos também prefere trocar os inúmeros títulos disponíveis para download e conferir os filmes natelona. “Tem todo um ritual de comprar o ingresso, a pipoca, encontrar sua poltrona, e ainda vera reação das pessoas no cinema”, justifica.

Alexandre costuma aproveitar o intervalo no trabalho. “Tenho duas horas de almoço na empresa.Muitas vezes, tempo suficiente para pegar uma sessão”, revela o economista, que chega a gastarR$ 200 reais por mês com as sessões de cinema. “É um investimento em cultura e entretenimento”,considera.

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