Elza Soares abre a terceira edição do Inverno das Artes neste domingo

Lucas Buzatti
lbuzatti@hojeemdia.com.br
29/06/2017 às 21:19.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:19
 (Patrícia Lino/Divulgação)

(Patrícia Lino/Divulgação)

“É o negro no lugar que ele merece”. Assim Elza Soares define a programação do 3º Inverno das Artes que, nesta edição, enfoca a potência da arte negra. A programação – que começa neste domingo (2) com o show da cantora carioca e se estende pelo mês de julho, no Palácio das Artes –, destaca a produção de artistas negros, locais e nacionais, oferecendo uma variada gama de shows, bate-papos, espetáculo de dança e mostras de cinema. 

Entre os nomes do line-up musical estão Criolo (que fecha o evento, no dia 29 de julho), Zezé Motta, Alaíde Costa, Fabiana Cozza, Sérgio Pererê, Zaika dos Santos e Família de Rua. “É um ‘Inverno’ de encontros. De artistas de fora com artistas mineiros, de nomes consagrados com revelações”, ressalta Philipe Ratton, diretor de programação. 

“A curadoria reforça o compromisso Fundação Clóvis Salgado em trazer para a arte temáticas sociais urgentes, como a questão racial e as questões de gênero”, completa.

Para tanto, nada mais emblemático que começar com Elza Soares, que apresenta, no Grande Teatro, o show do icônico álbum “A Mulher do Fim do Mundo” (2015). entrevista ao Hoje em Dia. 

“Estou muito feliz, porque esse disco me deu a possibilidade de lutar contra o preconceito, contra a homofobia e contra a violência que as mulheres negras sofrem todos os dias. Dar voz às chamadas minorias, essa é a minha missão enquanto artista e cidadã”, reflete a cantora, que acaba de voltar de uma turnê de um mês pela Europa.

Sobre os temas sociais que circundam sua obra, Elza ressalta, ainda, a luta feminista. “Ainda é grande o número de mulheres que sofrem com a violência doméstica. Por isso, uso o espaço que tenho para encorajar as mulheres a denunciar. Gemer só se for de prazer, meu bem”, crava Elza Soares, instigando o público mineiro. 

“Eu tenho muito carinho e respeito por quem sai de casa para me ouvir cantar. Então, é minha obrigação fazer o melhor que eu puder. Vivo para a música, para a arte. Podem aguardar um show inesquecível”, garante.

Diversidade

Na esteira das artistas da nova geração, a cantora Zaika dos Santos também encampa um discurso social pungente. “É importante ter cada vez mais artistas negros em espaços centralizados, como o Palácio das Artes”, afirma a artista, que apresenta as canções de seu último disco, “Akofena”, em 17 de julho, na Sala Juvenal Dias. 

“É uma felicidade e uma responsabilidade muito grande estar entre tantas cantoras incríveis. Me sinto a ‘juninha’ da turma”, brinca.

Philipe Ratton lembra que nem só de música se constrói o Inverno das Artes. “Teremos o espetáculo ‘Faça Algum Barulho’, do Rui Moreira, que explora contrastes de danças urbanas, contemporâneas e primitivas. E, ainda, dois bate-papos muito legais. Um com Sérgio Pererê e outro com a Família de Rua, que contará um pouco da experiência do Duelo de MCs”, afirma.

Haverá ainda duas mostras de cinema. “A primeira do cineasta haitiano Raoul Peck, figura muito engajada, cujos filmes ainda são de difícil acesso; e a outra do Spike Lee, que talvez seja o cineasta negro de maior relevância na história do cinema norte-americano”, conclui.

Serviço: 
Abertura do 3º Inverno das Artes - Elza Soares canta “A Mulher do Fim do Mundo”. Domingo (2), às 19h, no Grande Teatro do Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537, centro). Ingressos: R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia-entrada). Para ver a programação completa, acesse www.fcs.gov.br.

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