Em biografia, Marcelo Yuka trata de suas várias angústias

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
06/04/2014 às 11:14.
Atualizado em 18/11/2021 às 01:58
 (Darvan Dorneles/Divulgação)

(Darvan Dorneles/Divulgação)

“Eu tenho bastante medo de morrer, mas algumas situações por que passei foram bem mais dolorosas do que a morte deve ser: é o medo de seguir vivendo. O que se apresentava no jogo da vida era muito mais assombroso do que a ideia de morrer”. Esse é apenas um trecho dos vários desabafos que Marcelo Yuka faz para a biografia “Não se Preocupe Comigo” (Editora Primeira Pessoa), desenvolvida pelo jornalista Bruno Levinson a partir de depoimentos dados pelo músico ao longo de cinco anos.    >No livro, há pouco espaço para amenidades. Yuka divide com o leitor todas as grandes questões que permeiam a sua vida desde 9 de novembro de 2000, quando uma bala acertou sua coluna e o deixou paraplégico. Fala claramente sobre sua depressão, sua insegurança como artista, a dificuldade em encarar de forma madura os relacionamentos amorosos, as dores físicas na coluna que nunca o deixaram, a complicada relação com a mãe – que largou tudo para acompanhá-lo depois da tragédia. Não é um livro sobre histórias fantásticas, mas um relato de alguém que sempre teve de lidar com a angústia.    Mas a biografia não trata apenas de tristezas. Yuka fala muito sobre as ricas amizades, conquistadas desde o tempo de O Rappa, como o falecido compositor Waly Salomão, o escritor Paulo Lins, o delegado Orlando Zaccone, o traficante Marcinho VP, assassinado em 2003. “Sou o maior para-raios de maluco. Gosto desses tipos estranhos e me alimento disso”.    Infância   Yuka também relata sobre sua infância, sobre a relação com os pais. Fala dos primeiros anos de vida no bairro de Campo Grande, subúrbio do Rio de Janeiro, e da adolescência em Angra dos Reis. Saiu de casa aos 16 anos para estudar Jornalismo, onde descobriu os filósofos e teóricos que influenciariam sua arte.    O sucesso com O Rappa é tratado em poucos trechos ao longo do livro. O desabafo sobre a reação de seus colegas de banda frente à sua nova vida aparecem em um capítulo dedicado a Herbert Vianna – que recebeu total apoio de João Barone e Bi Ribeiro e deu continuidade ao Paralamas do Sucesso.    “O Rappa é uma enorme mentira. Eu não posso fazer previsões, mas artisticamente acho que eles estão condenados. Nada ali se sustenta... Eles só reproduzem coisas que já fizeram. Musical e artisticamente, não estou perdendo nada”, afirma Yuka.

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