Em Recife, dois museus nos levam ao mundo do nordestino

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
02/07/2014 às 08:46.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:13
 (Mauro Filho / SCJ Pernambuco)

(Mauro Filho / SCJ Pernambuco)

RECIFE – Que a capital de Pernambuco respira cultura não é segredo para ninguém. Mas duas novidades – o Cais do Sertão e o Paço do Frevo, que abriram as portas neste ano – surpreendem os visitantes que chegam à cidade. Pelo conjunto da obra e pela disposição espacial dos museus, parece que estamos entrando em um mundo de sonhos.

Instalado no antigo Armazém 10 do Porto do Recife, que passa por um processo de revitalização, não é exagero dizer que o Cais do Sertão é um dos mais modernos equipamentos culturais do país. E a beira do mar. Concebido para abrigar e reverenciar a obra do cantor e compositor Luiz Gonzaga, também retrata com perfeição a cultura popular tradicional do nordeste brasileiro. Tudo com a mais alta tecnologia.

Não há como não se encantar pelo espaço, que traz elementos do sertão e belas homenagens ao rei do baião. Logo na entrada, uma vitrine com objetos de Gonzagão chama atenção. A primeira parada é em uma sala onde um filme sobre o belo e sofrido universo sertanejo – origem e fonte de inspiração gonzaguiana – é exibido. Utilizando os mais variados e inovadores recursos expositivos e tecnológicos, as telas são as próprias paredes, que parecem ganhar vida.


Enquanto anda pelo museu, o visitante descobre novas informações, interage com painéis e instrumentos musicais. Sim, no andar de cima há uma oficina com tambor, viola caipira, triângulo, que podem ser tocados por qualquer um. A ideia é aprender e criar novos sons. Uma monitora ensina a técnica e fala de cada peça. Tudo para “mostrar pra vocês como se dança o baião”, já que “o baião tem um quê, que as outras danças não têm”.

No piso, no térreo, a criatividade é estampada em forma de simbologia do Rio São Francisco. Mais alguns passos e está a Casa do Demônio. Suntuosa, é uma alegoria para brincar. Conforme o visitante passa por dentro do corredor, sua imagem é projetada nas superfícies espelhadas e vozes são ouvidas.

A sensação que fica é que um dia é pouco para desbravar o galpão de dois mil metros quadrados, que exigiu investimentos de R$ 97 milhões. A entrada custa R$ 8, a inteira, e R$ 4, meia. O Cais do Sertão está aberto ao público de terça a domingo. 

A alma do carnaval da cidade está bem guardada

Também novinho em folha, o Paço do Frevo, instalado no Bairro do Recife, é um espaço lindo, criado para mergulhar na fascinante tradição e história do famoso ritmo do carnaval pernambucano, agitado e impetuoso. 

Com curadoria da paulista Bia Lessa, responsável pela exposição Grande Sertão Veredas, criada a partir do livro de Guimarães Rosa para a inauguração do Museu da Língua Portuguesa, o complexo cultural destina-se à difusão e preservação da cultura do frevo, reconhecido como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). 

O edifício que sedia o Paço do Frevo é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1998 e foi totalmente recuperado. Logo na entrada, o vermelho dá o tom na linha do tempo, que conta a história do frevo. Agremiações, passistas, costureiras e outros personagens da dança que é a cara de Pernambuco estão celebrados em exposições temporárias e de longa duração no térreo e no terceiro andar. Dá vontade de sair dançando.

O Paço do Frevo teve suas obras iniciadas em março de 2010, com recursos de aproximadamente R$ 15 milhões, e só foi inaugurado neste ano. Fica na Praça do Arsenal da Marinha. O ingresso custa R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia).

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