Em 'Rio, Eu Te Amo', 11 diretores voltam seu olhar para a cidade maravilhosa

Paulo Henrique Silva/Hoje em Dia
Publicado em 11/09/2014 às 07:44.Atualizado em 18/11/2021 às 04:09.

A homenagem ao Rio de Janeiro está escancarada no título: “Rio, Eu Te Amo”. Em cartaz a partir desta quinta-feira (11) nos cinemas de todo o país, o longa – dividido em dez episódios – tem a Cidade Maravilhosa como cenário de vários encontros amorosos. Mas foi em Minas Gerais que o aclamado diretor Carlos Saldanha buscou inspiração para a parte que lhe coube deste quinhão.

Fã do Grupo Corpo, o cineasta revela que a trama sobre os bastidores de um espetáculo de dança foi atiçada após acompanhar uma apresentação da companhia belo-horizontina em Nova York. “Tinha essa história na cabeça há tempos e liguei para o Rodrigo (Pederneiras, coreógrafo do grupo) para pedir ajuda. Ele foi uma luz nesse processo”, registra Saldanha, conhecido pelas franquias de animação “A Era do Gelo” e “Rio”.

Assista ao trailer do filme:

PAS DE DEUX

O roteiro exigia uma coreografia nova ou pouco exibida, com duração de três minutos e executada por dois bailarinos – um homem e uma mulher. “Não sei se foi coincidência ou destino, mas o Rodrigo tinha exatamente o que eu precisava”, comemora. Em BH, Saldanha foi apresentado a uma coreografia de Cassi Abranches, que estava se aposentando do corpo de bailarinos da companhia para se tornar coreógrafa. “Ensaiamos para ver se funcionava como dança de sombras e ficou super bonito”.

Para o realizador, outro grande presente foi o fato de os dois bailarinos (Cassi e Diogo de Lima, atualmente residindo em Nova Orleans) não só estarem disponíveis como também terem o mesmo biotipo do casal que dublariam – Rodrigo Santoro e Bruna Linzmeyer.

BELEZA E RAIVA

Na história, dois bailarinos estão em crise na relação após o jovem receber convite para trabalhar no exterior. Ela quer ficar no Brasil. “Faltando cinco segundos para entrarem no palco, eles começam uma discussão, dançando brigados até chegar a uma solução”, destaca.

A intenção de Saldanha é mostrar a dança como um elemento transformador. “Às vezes, o que vemos não é necessariamente o que está se passando na cabeça deles. Interessava-me esse contraste entre a beleza e a raiva”.

O cenário é o Theatro Municipal da capital fluminense. Curiosamente, Saldanha confessa que nunca tinha entrado no local antes das filmagens. “Foi uma forma de me ‘reconciliar’ com o espaço, pois sempre adorei ir ao centro. Apesar do conhecimento dessa parte da cidade, nunca usufrui daquele teatro”, confessa.

ESTREIA

Para o cineasta, o teatro é uma “brilhante caixa de joia incrustada naquela selva de pessoas e prédios”. E, no filme, se tornou a oportunidade ideal de mostrar um Rio que não se resume a belezas naturais. “As pessoas se esquecem que existe esse lado mais cultural e histórico”, afirma.

“Rio, Eu te Amo” é o primeiro filme live action de Saldanha. “Quando me convidaram, fiquei feliz e lisonjeado. Foi a ocasião perfeita para estrear, num projeto de curta duração que não demandava muito do meu tempo. Foi uma experiência que deixou aquele gostinho de quero mais”.

Além do episódio de Saldanha, o filme – o terceiro da série “Cities of Love”, após Paris e Nova York – tem a assinatura dos brasileiros Fernando Meirelles, José Padilha e Andrucha Waddington e dos estrangeiros Paolo Sorrentino, Stephan Elliott, John Turturro, Guillermo Arriaga, Im Sang Soo e Nadine Labaki.

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