Entre a feminilidade e a solidão

Clarissa Carvalhaes
Publicado em 29/11/2014 às 09:26.Atualizado em 18/11/2021 às 05:12.
No início, não era algo que a fizesse perder o sono. “A verdade é que foi um projeto que nasceu sozinho e ao acaso. Quando percebi, já tinha delineado sua própria história”, comenta Márcia Charnizon, fotógrafa belo-horizontina, sobre o livro “Memorabilia da Casa do Azevedo” – que será lançado neste sábado (29), a partir das 11 horas, no Café com Letras Savassi. O trabalho registra o cotidiano de uma família que tem a mulher como alicerce, um retrato que percorre gerações distintas – a primogênita Luiza (já falecida), sua filha, Ávila Maria do Carmo, a jovem Sarah Campanini Amorim e o pequeno Natan Santos Antunes – com direito ao cão vira-lata Quatróios.
 
“Na ‘casa do Azevedo’, a feminilidade prevalece, ainda que em desordem, ainda que na simplicidade da casa tipicamente do interior do Brasil. Elas querem estar bonitas e ser vistas. Durante os quatro anos de projeto, pude constatar que, embora sejam mulheres que se habituaram à solidão, têm o desejo de encontrar um companheiro, querem compartilhar a vida”, comenta Márcia Charnizon.
 
Com a morte de Luiza, Charnizon decidiu levar as fotografias já produzidas e projetá-las na parede da casa de Ávila, uma típica morada vernacular brasileira, situada na zona rural da Serra da Moeda. “E foi ao projetar o trabalho e ver a reação de Ávila que pude ver o que realmente estava fazendo. Foi ali que enxerguei para onde estava indo”.
 
Aos 44 anos, Márcia Charnizon conta que seu envolvimento com as câmaras (iniciado aos 13 anos) se deu quando ela percebeu que a fotografia poderia ser uma aliada contra a timidez. “As pessoas não acreditam, mas sou mais tímida do que aparento. Acredito que a fotografia foi a ferramenta que possibilitou que me encontrasse no outro”. Para ela, a fotografia possibilita a reconstrução do afeto, a elaboração de identidades e o resgate de memórias. “E é curioso porque nunca enxergamos uma foto da mesma maneira. Por isso gosto de vivenciar o trabalho autoral: gosto de estar em cena e de modificar o espaço. ‘Memorabilia’ é 100% autoral. Diz muito sobre como vejo o mundo agora”, conclui.
 
Lançamento do livro “Memorabilia da Casa do Azevedo”, de Márcia Charnizon
Neste sábado, das 11 às 13h, no Café com Letras (r. Antônio de Albuquerque, 781, Savassi) 
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