TEATRO

Espetáculo com Herson Capri discute a aceitação sexual, o preconceito e a relação entre pai e filho

Da Redação
Publicado em 13/10/2022 às 09:24.

Herson Capri e Leandro Luna fazem pai e filho neste trabalho escrito por Raphael Gama, com direção de Elias Andreato (Divulgação)

Sucesso de crítica e público em diversas cidades, o espetáculo "A Vela" desembarca em BH neste sábado. Escrita por Raphael Gama, com direção de Elias Andreato, a apresentação será no Grande Teatro Unimed BH, do Cine Theatro Brasil Vallourec, às 21h, com os atores Herson Capri e Leandro Luna. 

Após o falecimento de sua esposa, o velho professor Gracindo (Herson Capri), se muda para um asilo, por conta própria, depois de se ver muito sozinho, principalmente, por ter rompido relações com o filho e o ter expulso de casa, por causa da sua orientação sexual. Prestes a se mudar para uma nova vida, Gracindo precisa empacotar suas coisas e acaba revirando seu passado, enquanto a falta de luz o obriga a usar uma vela.

No entanto, quem chega para o ajudar nessa mudança é Cadú, ou melhor, Emma Bovary (Leandro Luna), seu filho drag queen que retorna para tentar as pazes com seu velho pai e entender o que fez um homem tão culto agir de forma tão violenta. Porém, os dois têm apenas o tempo da vela se consumir para essa conversa se resolver.

De acordo com o diretor do espetáculo, Elias Andreato, a montagem tem como comove o espectador, mostrando que essa situação familiar é algo que pode acontecer com qualquer pessoa. “É uma história contada com delicadeza para que o espectador possa se identificar com os personagens. O nosso objetivo é mergulhar numa relação verdadeiramente teatral e humana. Para mim o teatro sempre será a arena necessária para debater todas as formas de preconceitos”, comenta.

O ator Leandro Luna comenta a importância de se discutir as relações humanas e as feridas familiares. “É muito importante, principalmente nos dias de hoje, estarmos em constante discussão sobre as diferenças e estimularmos a tolerância e o respeito ao próximo. Vivemos tempos muito polarizados, onde o conceito de moral e conservadorismo tem alimentado a sociedade com discursos odiosos, segregacionistas, em vez de criar o diálogo respeitoso e democrático. Precisamos, através da arte, propor o discurso de temáticas que incentivem o respeito principalmente, a partir do ponto de vista da educação familiar”, diz.

Herson Capri ressalta a atualidade do tema que permeia tantas famílias em todo o mundo. “A peça discute preconceito, acolhimento e a relação familiar de uma forma inteligente e sensível. Os preconceitos estão por aí, à nossa volta, o tempo todo. Convivemos, de uma forma ou outra, com pessoas conservadoras e até negacionistas. Acho que a arte tem o dever de abordar os temas que tocam e afligem a sociedade. Acolher as diferenças é um deles. E negá-las, também é preciso ser discutido”, salienta.

Diálogo

Para a construção do texto, o autor Raphael Gama recorreu da percepção que teve ao constatar a dificuldade em dialogar com sua avó, uma mulher tradicional, com resistência em entender as mudanças que aconteciam na sociedade; e o quanto a incompreensão familiar afetava as escolhas de vida das drag queens em geral.

“Eu convivo com diversos artistas queers de São Paulo. Conheço pessoas que foram expulsas de casa e o fato dessa comunidade seguir sendo tão negligenciada e odiada, mesmo em meio à tanta informação, me fez querer falar do assunto no ambiente familiar e sobre a importância do diálogo como ferramenta de cura”, explica.

Passado

Entre álbuns de fotos, livros clássicos, música e poesia, os personagens vão revirando o passado para entender o presente e enfrentar o futuro. Ambientada em uma casa com poucos móveis e algumas caixas, o elemento central em cena é uma janela, onde o tempo e os segredos são discutidos. A peça é entremeada por trechos de famosos escritores e pensadores, com músicas que definiram gerações como Carpenters, Edith Piaf e Dalva de Oliveira.

Assim, pretende aproximar as questões pertinentes da sociedade contemporânea, levando o espectador a entrar em contato de maneira sensível, com temáticas relevantes, como, as relações humanas e os preconceitos instaurados na estrutura social e familiar.

“A Vela não é sobre mocinhos e bandidos, não é sobre vítimas e vilões. É sobre algo que todos nós conhecemos intimamente. É sobre família e amor. Sobre erros humanos. Sobre conflito de gerações e de identidades. E a importância do diálogo em tempos tão odiosos. Mais do que falar sobre quaisquer tabus ou polêmicas, quando falamos sobre amor falamos sobre reflexão e cura,” conclui Raphael Gama.

Serviço

"A Vela" - Neste sábado, `qas 21h, no Cine Theatro Brasil Vallourec (Av. Amazonas, 315). Ingressos: Plateia 1 - R$ 120 (R$ 60, a meia) e Plateia 2 - R$ 100 (R$ 50, a meia). Vendas nas bilheterias no teatro e na loja Eventim no 5ª Avenida (Rua Alagoas, 1314 - Loja 20C – Savassi).

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