Dois novos espetáculos entram em cartaz nesta terça-feira (20) no Festival Internacional de Teatro Palco & Rua (FIT). Ocupando o palco da Funarte, às 20h, estreiam o argentino “Emilia” (somente nesta terça e quarta-feira); e o francês “Frag#3 – Aproximacion a la idea de desconfianza” (com apresentações até quinta-feira).
“Quem me trouxe pela primeira vez a Belo Horizonte foi também o FIT. Isso foi bem no seu início, ainda na década de 1990. Agora, ao retornar para cumprir apresentações de ‘Emilia’, enxergo um amadurecimento e crescimento do festival”, afirma o ator argentino Gabo Correa, 49 anos.
“Emilia” é um drama da companhia TIMBRe4 que conta a história de reencontro entre um homem com sua babá. Na peça, o laço da infância é retomado após anos de separação. De um lado, o personagem já constituiu família: é casado e tem um filho. Do outro está Emilia, a babá, idosa e sozinha, à procura de um porto. Seria ela uma vilã?
“Eu não sei se ela é uma pessoa má, não sei se tem toda essa carga para si. Emilia é a personagem principal para onde todos os olhares se convergem, mas acho que o público poderá responder melhor essa pergunta, ao fim do espetáculo. Para além das vilanias e atos de generosidade, ‘Emilia’ é, sobretudo, uma história sensível que nos confronta sobre o que entendemos sobre família, e como lidamos com a dor do outro”, explica.
Se de um lado “Emilia” traz um discurso bem familiar ao público do FIT, “Frag#3 – Aproximacion a la idea de desconfianza” vale-se da linguagem teatral multidisciplinar (e carregada de crítica social) para discursar sobre individualismo e consumismo.
Várias performances sobem ao palco simultaneamente: enquanto um quadrado de plástico marca a fronteira, um vídeo é projetado nas paredes. De um lado, um corpo lambuzado de mel faz alusão a um Dunkin Donut (empresa especializada na venda de rosquinhas e café); do outro, um homem, em meio à argila líquida, salta fora da água como um peixe e é acompanhado por cinzas que flutuam, simbolizando as vítimas do Holocausto.