Espetáculo ‘Madame satã’ discute problemas da atualidade

Vanessa Perroni / Hoje em Dia
23/01/2015 às 08:30.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:45
 (Flávio Charchar / Divulgação)

(Flávio Charchar / Divulgação)

Há seis meses o Grupo dos Dez está mergulhado na montagem do espetáculo “Madame Satã”, que estreia que tentava levar a história de João Francisco dos Santos (1900-1976) para os palcos há nada menos que três anos. 

A montagem, sob a direção do bamba João das Neves, se propõe a desmistificar o lendário personagem da boêmia carioca que viu o samba nascer. “Vamos falar do homem que foi escravo, chegou a ser trocado por uma égua e foi morar na rua como muitos brasileiros”, conta Jerônimo. Para o fundador do Grupo Opinião - escola de teatro político - as temáticasa que permeiam a história de Madame Satã 'infelizmente' são atemporais. "Esmamos falando de desrespeito os negros brasileiros, aos homoafetivos, além de problemas no sistema prisional abuso de poder. Temas muito latentes na atualidade", lamenta o diretor de 80 anos, João das Neves.

Resultado de um processo colaborativo entre diretores e os 14 atores que estarão em cena, o espetáculo contou ainda com preciosas contribuições. A preparação corporal realizada pelo artista Benjamin Abras se vale de movimentos da capoeira angola, do samba de roda e das danças contemporâneas e dos orixás.

O recorte feito pela direção, em retratar o lado "invisível" da história de Satã não permitia uma trilha sonora 'glamourizada' com pérolas do samba. Portanto, com direção musical de Bia Nogueira e a participação do músico e arranjador Alysson Salvador, a tilha é repleta de experimentações. Original e executada ao vivo, ela conta com diversos instrumentos como viola caipira, sanfona, violino, e outros.

A intenção dos criadores é provocar no espectador a reflexão sobre a intolerância e o descaso que muitas vezes leva o sujeito à marginalidade. As redes socias serviram de pesquisa para a composição da dramaturgia. "O espetáculo traz elementos atuais, como as últimas eleições e os discursos de ódio que surgiram nas redes sociais", frisa Jerônimo. 

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