Esqueletos de aço ao mar pelas lentes do fotógrafo português Rui Roda

Clarissa Carvalhaes - Do Hoje em Dia
Publicado em 01/08/2012 às 11:18.Atualizado em 22/11/2021 às 00:01.
 (Rui Roda)
(Rui Roda)

Um dos maiores e mais emblemáticos cemitérios de navios do mundo ganha, por meio do olhar do fotógrafo português Rui Roda, uma valiosa exposição. "Esqueletos de Aço" chega a Belo Horizonte em forma de 16 painéis fotográficos (que chegam a quase 3 metros) impressos em algodão, permitindo melhor definição das imagens. Eles serão expostos na Galeria da Escola Guignard, da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), entre os dias 3 e 16 de agosto.

A mostra arrebata pela dimensão do trabalho, realizado nos anos 2008 e 2012, durante viagem a Angola, na África, especificamente durante visita à Praia do Sarico, localizada a 20 quilômetros de Luanda, na cidade de Nouadhibou. Muitos dos navios estão lá desde a década de 1970.

Das imagens que se apresentam, a cor e o preto e o branco dão o álibi que legitimam a beleza (e grandeza) da região angolana.

"É um lugar que impressiona, porque toda a grandeza daqueles elefantes (navios) abandonados, desequilibram e, ao mesmo tempo, dão equilíbrio ao todo. Como se toda aquela imensidão, de alguma forma, fosse parte do lugar", conta o artista.

Para o fotógrafo, que tem apreço e verdadeira vocação para capturar imagens de estruturas abandonadas (urbanas ou não), “Esqueletos de Aço” é a representação legítima de que pode haver fotogenia em qualquer ambiente.

"É difícil acessar Sarico, porque é uma região extremamente inóspita, ainda assim descobri o olhar sobre essa paisagem inquietante, surpreendente, e representada por um autêntico cemitério de navios em carcaça", resume.

Na mais ligeira observação, há que se perceber em determinadas imagens, uma costa de areia extensíssima, mas isenta de qualquer monotonia, exatamente porque há a interrupção dos gigantes de aço em seus espaços.
 
"São lugares intrigantemente contraditórios e harmônicos, na medida em que viabiliza um diálogo possível entre corpos artificiais e humanos".

Para Roda, seu trabalho é uma forma de resgatar a história da região com uma paisagem sedutora, de geometria intensa, que transmite sensações de desequilíbrios em escalas impossíveis, dando lugar a um ambiente de lazer e curiosidades, que se diferenciam ao longo do tempo e do corpo da praia.

De "Esqueletos de Aço", felizmente, nasce o livro que leva o mesmo nome da exposição. Nele, há a reprodução dos trabalhos do artista, com apresentação de Massimo Bonfantini. "Talvez essa seja uma viagem a um paraíso possível de ser imaginado a distância, em que os excessos do progresso da nossa modernidade encontram, ali, um espaço de diálogo privilegiado, entre homens e crianças, que brincam, despreocupadamente entre estes enormes esqueletos de aço".

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