O estilista francês André Courrèges, símbolo da revolução indumentária dos anos 1960 e autoproclamado pai da mini-saia, faleceu aos 92 anos em sua residência perto de Paris, anunciou nesta sexta-feira (8) sua "maison". Courrèges, que parou de trabalhar na década de 1990, morreu na quinta-feira em sua casa, em Paris, após uma batalha de 30 anos contra o Mal de Parkinson, informou a casa Courrèges em um comunicado. Até o fim da vida, o estilista - que vestiu famosas como Françoise Hardy, Audrey Hepburn e Catherine Deneuve - considerou a moda "um estilo de vida" fora das convenções.
Entre vestidos curtos com linhas limpas, botas, toques de vinil e a onipresença do branco, sua cor favorita, o estilista captou o espírito da época e marcou seu tempo, soprando um vento de juventude e futurismo à moda. "Ao longo de sua vida, André Courrèges, com (sua esposa) Coqueline, não parou de avançar, de inventar para estar sempre à frente. Um criador visionário que anteviu o que seria o século 21 e que acreditava no progresso. E isso é o que torna Courrèges
tão moderno hoje", declararam Jacques Bungert e Frédéric Torloting, copresidentes do grupo Courrèges.
Nascido em Pau (sudoeste da França) em 9 de março de 1923, filho de um mordomo apaixonado por arquitetura e pintura, estudou engenharia civil antes de começar a trabalhar, no final da década de 1940, com o estilista Cristobal Balenciaga, que foi seu
mestre e com quem colaborou por 11 anos.
Lá conheceu sua futura esposa, com quem abriu em 1961 sua própria casa de moda, que logo se tornou um sucesso fenomenal e fez dele durante um momento efêmero, mas significativo, o rei da moda francesa.
Courrèges introduziu um conceito de estilo revolucionário futurista, que incluía vestidos curtos com linhas retas, botas sem salto de cano médio e grandes óculos de sol, sua cor favorita.
Ele foi o pioneiro das calças sociais para mulheres e vivenciou uma longa e amarga disputa sobre se foi ele ou a inglesa Mary Quant quem inventou a mini-saia. Os dois se atribuíam a autoria.
Seus desfiles eram impregnados de conceitos, com a instalação de uma enorme bolha transparente no Jardin des Plantes, em Paris, em 1980. Em 1985, investiu em um grande hotel de Tóquio para um evento de moda e música, durante o qual as maiores canções
da música francesa foram interpretadas por 130 músicos.
Seu vestido branco ultracurto para a época virou a imagem da mulher dos vibrantes anos 60, e independentemente de quem a popularizou primeiro, suas mini-saias eram, sem dúvida, as mais curtas. Desenhadas em cores chamativas e materiais pesados, como
gabardina e vinil, se tornaram muito populares.
Courrèges também tomou a corajosa decisão de substituir os saltos altos pelas famosas botas brancas sem salto.
Seu estilo futurista - especialmente presente em sua coleção "The Moon Girl" (A moça da lua), em que predomina a cor prateada - causou furor e teve muitos adeptos, entre eles o artista plástico Andy Warhol.
"A roupa de Courrèges é tão linda, todo mundo deveria ter a mesma aparência, todos vestidos de prateado. O prateado combina com tudo, estas roupas deveriam ser usadas durante o dia com muitíssima maquiagem", disse Warhol certa vez.
O estilista aposentou-se em 1994, passando a se dedicar à pintura e à escultura, e deixando sua esposa à frente da casa, finalmente vendida em 2011 para a dupla Frédéric Torloting e Jacques Bungert.
Os dois copresidentes prestaram homenagem a este "criador visionário, que já via o que seria o século XXI e que acreditava no progresso".
"É o que torna Courrèges tão moderno hoje", declararam.