Há pouco mais de um mês, iniciaram-se as comemorações dos dez anos do “Imagem dos Povos”, festival audiovisual (cinema, TV, conteúdos multiplataformas e transmídia) que tem por objetivo promover a diversidade e a criatividade, contribuindo para o fomento da indústria audiovisual no Estado de Minas Gerais. A boa notícia é que a programação segue até janeiro, da seguinte forma: toda semana, a curadoria apresentará, nos canais parceiros (BHNews e TV Assembleia), títulos que fizeram parte da programação nesta uma década de atividades, e que marcaram sua historia. Mas não só. Em breve, o material poderá ser visto na web.

 

Diretor do evento e um dos curadores (ao lado da cineasta e produtora cultural Tâmara Braga Ribeiro), Adyr Assumpção pondera que as datas redondas são propícias à celebração sim, mas também à reflexão. E pontua ser um privilégio acompanhar esta década de desenvolvimento do audiovisual brasileiro “nessa posição de exibidor da produção contemporânea nacional”. “E também como anfitrião de debates, durante os Seminários Internacionais, que percorreram os temas mais atuais da atividade, seja do ponto de vista técnico – como os efeitos da digitalização, as narrativas transmídias e o advento das multiplataformas – seja do ponto de vista conceitual – com a abertura para exibição da diversidade cultural nacional e mundial”.

 

DIVERSIDADE

 

Instado a fazer o tradicional balanço que datas redondas requerem, Assumpção entende que o objetivo primordial do projeto (“que era o de ajudar no desenvolvimento do cinema, da televisão e das imagens e sons pela internet do ponto de vista regional”) foi alcançado. “Tanto que se, olharmos com atenção para a retrospectiva que está nas TVs e que em breve vai para internet, veremos quão diversa foi a participação mineira na nossa programação e como foi paulatinamente evoluindo técnica e tematicamente no decorrer desses dez anos”, comemora.

 

No que tange ao público, Adyr avalia que é cada vez maior e diferenciado. "É bom lembrar o pioneirismo do Imagem no que diz respeito à exibição por streaming, que fez com que nossas imagens fossem recebidas em muitos lugares do mundo , fazendo jus ao apelido que ganhamos em alguns lugares, de Netflix brasileiro. Guardadas as devidas proporções, essa comparação com o aplicativo internacional tem sua conexão com o fato de termos desenvolvido uma plataforma de entrega de conteúdos audiovisuais de alta resolução e que, quando a usamos durante as mostras, ampliamos de forma exponencial o público atingido".

 

VOLTA ÀS ORIGENS

 

Nessa celebração de dez anos, o "Imagem dos Povos" volta às origens com a exibição pela TV, que, reflete Adyr, continua sendo a grande janela para o público diverso, principalmente do interior de Minas Gerais. Instado a destacar um título como cereja do bolo, ele rebate: "Teroa muita dificuldade, pois sinto a programação extremamente equilibrada, e ela, na sua complexidade e diversidade, é a grande estrela. Na mostra presencial é que reside a maior expectativa , já que são esperados filmes novos de parceiros e amigos da China, Japão, Nova Zelândia, Estados Unidos e África, que já estiveram conosco e cujas obras recentes farão sua estreia por aqui", promete.

 

Neste caso, acrescenta, há a expectativa do novo trabalho do chinês Wang Quanan, que em 2007 esteve presente com o "Casamento de Tuya", Leão de Ouro no festival de Berlim daquele ano; bem como do mais recente filme da neozelandesa Gaylene Peterson, "que em 2005 nos ajudou a fazer a primeira edição do Imagem, inclusive apresentando uma retrospectiva do seu trabalho e a última criação do queridíssimo Ryuichi Hiroki, um dos mais inquietos e profundos cineastas japoneses da atualidade".

 

Adyr prossegue: "Enfim, essas são lembranças que vêm de pronto e vão cutucando e fazendo aparecer mais nomes e projetos aos quais a convivencia nessa década nos fez próximos e cúmplices. Muitos projetos em curso hoje no Brasil e nos quatro cantos do planeta nasceram ou foram gestados no Imagem, o que nos permite hoje uma visão bastante ampla do produzir e fruir imagens e sons. Essa conexão provavelmente está produzindo o novo formato da iniciativa, que é camaleônica desde a origem, migrando se adaptando as condições de tempo e lugar".

 

Assim, conclui Assumpção, cada vez mais a iniciativa se aproxima da produção de conteúdos em todas as suas etapas. "ma relação importante de ressaltar é parceria com outros festivais internacionais com o mesmo perfil, tais com o 3Continents da Nantes, o Le Femi de Guadalupe, o African Fil Festival de Nova Yorque e o Fespacô de Burkina Faso - o que coloca Belo Horizonte numa rota internacional de festivais", brinda.

 

SERVIÇO:

Festival “Imagem dos Povos” – Dez Anos. Neste mês de dezembro e em janeiro de 2016, as produções seguem sendo exibidas nos canais BHNews (aos sábados, às 22h30, com reprise às quartas-feiras, às 23h30) e TV Assembleia (neste caso, aos domingos, às 20h)