Nélio Rodrigues jogou muita bola antes de ser fotógrafo. Tanta, que chegou até a fazer teste como zagueiro em grandes clubes do Rio de Janeiro, como o Vasco da Gama e o Flamengo. Hoje, aos 54 anos, a paixão pela bola volta mais uma vez a bater à sua porta. Só que, agora, o carioca faz associações do futebol com a fotografia e um protesto cívico.
É que a partir de segunda-feira (12), ele passa a expor a série de fotografias e de vídeo “Retratos de Atitude – Eu chuto, eu determino” na página www.neliorodrigues.com.br.
Nela, os convidados seguram, chutam e assinam o seu protesto na bola branca da campanha “Chute da Revolta”. Para compor a fotografia, a bandeira do Brasil foi escolhida para estar em todas as imagens.
Do projeto de Nélio participam artistas, intelectuais, músicos, lideranças empresariais e religiosas, profissionais liberais, atletas e jornalistas. “Eu sou da época das ‘Diretas Já’ e cobri bem de perto o movimento dos ‘Caras Pintadas’. Por isso, posso assegurar que não tinha esse monte de quebra-quebra. Você ia para a rua, como no impeachment do Collor, e ninguém quebrava nada, mas conseguia mudar as coisas”, recorda.
Sem violência
O fotógrafo acredita que a campanha pode convencer o brasileiro que, para mostrar indignação, não é preciso ser violento. “É possível ter atitude de inconformismo por meio da palavra e da imagem. Todos poderão fazer sua própria fotografia, escrever e gravar um vídeo e postar nas redes sociais”.
O desejo de Nélio é, adiante, entregar ao futuro presidente do Brasil todas as reivindicações feitas pelos seus fotografados. “A legitimidade do protesto será entregue em mãos. É como se todos que participaram da campanha dissessem: ‘toma, presidente. Faz esse gol pra gente. A bola agora é sua’”.
Os primeiros a participar da proposta residem por aqui. Nomes como o do arcebispo da arquidiocese de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira, o artista plástico Fernando Pacheco, o fotógrafo Weber Pádua, o ator Carlos Nunes; o proprietário do Província di Salerno, Remo Peluso, e a empresária Ângela Gutierrez.
Amor
Nélio veio morar em Belo Horizonte depois de se apaixonar por Valéria Ghezzi, hoje sua esposa. “Eu tinha minha vida resolvida em Brasília, mas ela não quis ir de jeito nenhum para lá, então cá estou. É engraçado porque recebi outras propostas para trabalhar no Rio e em São Paulo, mas ela, mais uma vez não quis arredar o pé. Então, sabe como é, sem ela, não vou a nenhum outro lugar”, confessa.