(Lucas Prates/Hoje em Dia)
Imagine fazer um desenho e essa imagem ser vista por centenas, talvez milhares de pessoas. Já pensou o que você sentiria? Euforia, alegria, vergonha ou medo? Ou quem sabe todos esses sentimentos juntos. Algumas das 48 crianças que estão expondo suas obras no Museu de Artes e Ofícios, em Belo Horizonte, contaram para o Programinha o que andam sentindo. O notado entusiasmo é grande, afinal, elas deixam de ser espectadoras e se tornaram artistas expondo um trabalho. A mostra, que fica em cartaz até 30 de outubro, é uma seleção de desenhos feitos por crianças de várias idades e diversas escolas públicas e particulares que visitaram o museu durante o ano. O tema foi a evolução das profissões. Mais de 900 trabalhos foram recolhidos, mas poucos passaram pela equipe analisadora. Os três melhores foram premiados e as crianças receberam belos presentes: vale-compra para gastar como quiser em uma livraria. Marcos Vinícius Alves, 11 anos, de Contagem, foi o primeiro colocado. O vice-campeão, Vinícius de Melo Pires tem 10 anos. Já o terceiro lugar ficou com José Henrique de Castro, 14 anos. Os dois últimos são de escolas de Belo Horizonte. Além deles, Sabrina de Morais França, 10 anos, não ganhou o prêmio, mas foi homenageada pelo belo desenho que fez. E gostou de ter participado. “Quero ser artista um dia. Fazer pinturas e trabalhar com arte”, já planejou a menina, que desenhou a evolução das construções no mundo. Desenho até em guardanapo O desenho não era o estilo que ele gosta de fazer. Mas chamou atenção do mesmo jeito. Bernardo Augusto Brison, de 11 anos, estava feliz, mas não escondeu a insegurança de ser “analisado” por várias pessoas , já que seu desenho foi um dos 48 escolhidos para a exposição.“No início eu fiquei com vergonha, mas depois me acostumei”. Ele gosta mesmo é de desenhar coisas mais coloridas, com traços fortes, no estilo grafite (manifestação artística em espaços públicos). A maior parte do seu tempo livre, Bernardo ocupa “criando” em seu caderno. E tem para todos os gostos. Tanto que a mãe, Lilis Rodrigues, já está pensando em matriculá-lo em um curso de desenho para que ele possa desenvolver esse talento. “Uma vez, no Rio de Janeiro, ele viu um desenho no muro e pediu que eu o levasse bem perto para que pudesse tocar. Sempre gostou de desenhar. Em festas de adultos, quando está entediado, pega logo um guardanapo e uma caneta e começa a desenhar”, conta Lilis. A emoção de Luara e o orgulho do "pai coruja" A tímida Luara da Silva Oliveira, de 11 anos, estava entusiasmada. “Fiz o desenho sem esperar o prêmio, nem pensei no concurso, e já estou feliz de ter sido escolhida para a exposição”, conta a menina, que virou o centro das atenções na Escola Estadual Elza Mendonça Fouly, em Contagem. Por lá, todos os colegas queriam saber o que ela havia desenhado. O pai, Mário Tadeu de Oliveira, está todo orgulhoso. “A Luara é uma filha exemplar, estudiosa e carinhosa. Não sabia que ela desenhava bem. Para mim, foi uma grata surpresa”, pontuou o pai, que cria os filhos sozinho desde a morte da esposa. Além de estudar, Luara se dedica também aos desenhos, mas ressalta que quer estudar Medicina e se especializar em pediatria. Desenhos traduzem sentimentos Desenhar não é só brincadeira. Muitos especialistas utilizam essa ‘técnica’ para ampliar o diálogo com as crianças e compreendê-las, explica a psicóloga do “Instituto Você”, Vera Ussifatti. Segundo ela, um dos testes específicos é o HTP, que faz uma investigação psíquica e consegue identificar os medos, anseios e até possíveis traumas da criança. “É necessário levar em conta que um desenho é importante, mas não define tudo. É uma expressão de sentimentos e de desejos que podem ajudar a saber, por exemplo, como se sente a criança a respeito da sua família, sua escola, etc. Assim, o desenho pode ser um canal de comunicação com o mundo exterior, a primeira porta que a criança abre do seu interior”.