Filme de horror revela o universo fantástico do mexicano Guillermo Del Toro

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
18/10/2015 às 13:03.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:06
 (UNIVERSAL/DIVULGAÇÃO)

(UNIVERSAL/DIVULGAÇÃO)

Não é à toa que “A Colina Escarlate”, em cartaz nos cinemas, tem como cenário uma mansão decadente e assustadora na Inglaterra. O filme do mexicano Guillermo del Toro remete às produções da Hammer, nas décadas de 50 e 60, em que o sangue era tão estrela quanto os sofisticados cenários de época e as boas interpretações. Algumas das melhores atuações do gênero horror são daquela época, proporcionadas por Peter Cushing e Christopher Lee, que sabiam seduzir o espectador não só pelo uso da violência – explorada em cores tão fortes como as usadas por Del Toro em seu último filme, que carrega no vermelho sangue e preto crepuscular.

Diferentemente da Hammer, cuja filmografia era muito baseada em personagens clássicos, como Drácula e Frankenstein, “A Colina Escarlate” é um roteiro original. A narrativa, porém, é tão cheia de nuances (sociais, econômicas e históricas) que parece saída de um romance gótico, do tipo que oferecerá outras leituras numa revisão.
 
BELEZA NO MAL
 
A violência não brota simplesmente do assombroso, como os fantasmas que a protagonista Edith Cushing (sobrenome que comprova a proximidade com a Hammer) enxerga. Ela pode surgir até mesmo do amor, característica que Del Toro sempre imprimiu em seus trabalhos, vendo uma espécie de beleza contida no Mal.

Basta lembrar do filme mais popular do mexicano, “Hellboy”, centrado num demônio que caça ameaças sobrenaturais para o FBI. Ao fim, por mais que tenhamos ojeriza das relações e escolhas que foram construídas por uma família inglesa em ruína, moral e econômica, é possível compreender as suas motivações.
 
DRÁCULA
 
Essa dualidade também está presente em contraposições cenográficas. Um exemplo: a pele alva de Mia Wasikowska, que fez “Alice no País das Maravilhas” na adaptação de Tim Burton, em contraste com o ambiente lúgubre da mansão, reproduzido nas roupas de Jessica Chastain – atriz ruiva que tingiu as madeixas de negro para ampliar o lado gótico.

Cada adereço, por sinal, é pensado como uma informação a mais para o espectador, que provavelmente se lembrará da trama de “Drácula”, devido à apresentação de um mal aristocrático que age por meio da sedução. As justificativas para as suas ações, no entanto, são bem mais complexas. O tirar o sangue (e a beleza) do outro ganha um caráter mais complexo, de uma classe moribunda que mantém as aparências.

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