(Aline Arruda)
PAULÍNIA – Grande vencedor do 6º Paulínia Film Festival, encerrado na noite de domingo na cidade paulista, o filme pernambucano “A História da Eternidade” sintetiza duas décadas da cinematografia nordestina, desde quando as leis de incentivo foram criadas e descentralizaram a produção nacional. Temas como o sertão, a pobreza, a migração, o isolamento, a honra, o conservadorismo, a riqueza cultural da região e o papel da mulher daquela sociedade ressurgem na obra do estreante em longas-metragens Camilo Cavalcante revigorados por um roteiro preciso e uma condução vigorosa. Ganhador dos troféus de melhor filme (júri oficial e crítica), direção, ator (Irandhir Santos) e atriz (dividido entre Debora Ingrid, Marcélia Cartaxo e Zezita Matos), registra os principais elementos sócio-culturais de uma forma inovadora, apresentando uma narrativa circular que reproduz o ciclo da vida. Olhar feminino São três núcleos que passam a ser acompanhados num momento de perda, tanto física como sentimental, provocada pela miséria, pela distância ou mesmo pela sensação de castração. Gradualmente conseguem se reerguer a partir do amor, até apontar para o olhar feminino como única saída para a superação. O filme seduz em suas várias camadas, atendendo desde de quem pretende ficar na superfície (os sofridos encontros amorosos) aos espectadores que encontram uma análise que se alimenta de um amplo pensamento sobre a cultura local, encabeçando, dessa forma, uma rara premiação marcada pelo equilíbrio. Outra excelente produção, “Casa Grande”, do carioca Fellipe Barbosa, recebeu o Prêmio Especial do Júri e os troféus de roteiro e atores coadjuvantes (Marcello Novais e Clarissa Pinheiro). Entre os curtas, o maior premiado da noite foi “O Clube”, de Allan Ribeiro, eleito por público, crítica e júri oficial como o melhor da competição.