Filme mostra como Churchill mobilizou população inglesa para enfrentar a Segunda Guerra

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
16/01/2018 às 08:43.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:47
 (UNIVERSAL/DIVULGAÇÃO)

(UNIVERSAL/DIVULGAÇÃO)

Na sequência de abertura de “O Destino de uma Nação”, em cartaz nos cinemas, a câmera praticamente é largada do teto do parlamento britânico, mergulhando numa grande discussão entre os partidos Conservador e Trabalhista sobre a ascensão nazista e a fragilidade do primeiro-ministro Neville Chamberlain para decidir sobre a participação do país na guerra.

Esse movimento de câmera é muito simbólico da construção narrativa do filme de Joe Wright, que tem seus últimos momentos novamente na Câmara dos Comuns, quando Winston Churchill, ocupante da cadeira de Chamberlain, profere um discurso memorável sobre a grande mobilização inglesa contra o Eixo, lembrado pela frase “Nós lutaremos nas praias”.

Entre a primeira e a última sequência não se passa mais do que um mês, um recorte que, em termos de ação, pode representar pouco, mas que é magistralmente sustentado por sua potência sonora – tanto pela capacidade de oratória do governante quanto pela edição de som e pela trilha sonora. É ela que dita o ritmo do filme, numa trama toda costurada pelos bastidores do poder.

É interessante perceber o diálogo com “O Discurso do Rei” (filme ganhador do Oscar em 2011), em que a voz também tem um papel fundamental. Como “O Destino da Nação”, a trama abre e fecha com a expectativa de um discurso do rei. No último pronunciamento, por sinal, ele é aconselhado por Churchill, que usou um problema de fala a seu favor.

Para focar em Churchill, num homem já idoso, beberrão e lembrado por seus fracassos em guerras anteriores que se transforma no grande dirigente que foi, Wright abre mão até mesmo de angariar imagens impactantes como as do recuo do exército inglês na cidade belga de Dunkirk – tema de um filme melancólico e impactante assinado por Christopher Nolan, lançado no ano passado.

Praticamente todas as cenas acontecem na casa do primeiro-ministro, na Câmara e no QG de guerra (há outras duas cenas importantes na Casa Real), com o roteiro se atentando à constante tensão sobre o que poderia dar errado e quanta energia foi empregada para ganhar a adesão dos políticos e da população. Afinal de contas, o que se passou depois está nos livros de História.

A empolgante atuação de Gary Oldman, envelhecido e com uns quilos a mais, nos conduz a um governante cheio de incertezas que, em seu último recurso, por sugestão do rei, vai às ruas de Londres para ouvir a população. Uma bomba-relógio que “explode” num discurso emocionante e que faz jus à observação de um colega de parlamento: “Ele mobilizou a língua inglesa e a mandou para o campo de batalha”.

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