Filme relembra história das antigas salas de Belo Horizonte

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
08/01/2017 às 20:35.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:21

Uma sessão para mulheres. Outra para os homens. Em filmes de teor mais picante, não era incomum dividir a plateia por gênero na primeira metade do século passado, quando os cinemas de rua eram um dos principais passatempos dos belo-horizontinos.

Época em que as salas de bairro levavam cerca de seis meses para receber os filmes que já tinham passado nos cinemas da região central. “E mesmo assim havia filas tão grandes que a Rádio Patrulha vinha para organizar”, registra o cineasta Alfredo Alves.

Histórias como essas estarão no filme “Entre uma Pipoca, um Beijo e um Drops Dulcora”, em fase de produção. Na última semana, Alfredo buscou curiosidades na memória de gente como a consultora de moda Cris Guerra e do pesquisador Ataídes Braga.

“Todo mundo tem lembrança dessas salas. A ideia é ter um tom mais para cima, sem lamentar a perda dos espaços, que estiveram presentes numa época importante e foram substituídos por outras salas, capítulos de uma cidade que vai crescendo”, adianta o cineasta.

Alfredo não deixará de mostrar o que essas antigas salas se transformaram, a partir dos anos 90, quando cinemas de grande público no passado, como Jacques e Acaiaca, fecharam as portas, dando lugar a igrejas e estacionamentos.

Não é o caso do Cine Brasil, que foi reaberto como centro cultural, mesma atividade do Palladium, onde Cris Guerra gravou seu depoimento. No Galpão Horto, lembra o ator Chico Pelúcio, a tentativa de exibir filmes não teve uma boa resposta do público.

Ajuda de casal
Alfredo não acompanhou o fechamento dessas salas. Pelo menos não em Belo Horizonte. Residente na capital mineira há 20 anos, o realizador nasceu no Rio de Janeiro, chegando a morar no prédio onde ficava o tradicional Roxy, em Copacabana.

"Criança não podia entrar sozinha e sempre esperávamos um casal para botar a gente para dentro”, lembra Alfredo, que também não saía da sala de projeção, localizada entre o primeiro andar e o térreo. “Era só a porta abrir que a gente caía para dentro”.

No documentário “Entre uma Pipoca, um Beijo e um Drops Dulcora”, um ponto alto certamente será o depoimento de Seu Geraldo, de 90 anos, filho de Abrahão João, proprietário de várias salas na cidade, como o Azteca, Eldorado e Horto.

“Aos 8 anos, ele ajudou o pai na construção dos cinemas, peneirando areia”, relata Alfredo, que também colheu o depoimento de Antônio Luciano Neto, cujo avô foi dono de outra importante rede de cinemas em BH, a Cinemas e Teatros Minas Gerais S/A.

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