Filme "Sem Escalas" convida espectador a ‘bancar’ o detetive

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
28/02/2014 às 08:47.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:20
 (Universal)

(Universal)

Principal estreia desta sexta-feira (28) nos cinemas (confira horários e salas de exibição no roteiro deste caderno), “Sem Escalas” é uma eficiente variação do gênero whodunit, em que o centro da trama é tentar descobrir o verdadeiro assassino enquanto somos apresentados a vários suspeitos.

O parentesco maior é com os romances policiais de Agatha Christie, especialmente “Assassinato no Expresso Oriente”, passado num trem em movimento e com o famoso detetive Poirot investigando cada passageiro durante a viagem.

A premissa é praticamente a mesma, trocando o trem por um avião. As cartas anônimas recebidas pela vítima agora são substituídas por mensagens de celular. E Poirot ganha o rosto de Liam Neeson, na pele de um especialista em segurança aérea.

O whodunit foi tão explorado que virou até motivo de piada, em comédias como “Scoop – O Grande Furo”, de Woody Allen. Suas maneiras de despistar o público, forçando a suspeita em determinados personagens, já são bem conhecidas, prejudicando o suspense.

TESTE

“Sem Escalas”, porém, nos surpreende, primeiramente colocando o próprio detetive sob a investigação do espectador. E depois testa o público em seus preconceitos e memória fílmica, reprisando situações que geralmente não levam a lugar algum.

Alguns irão se gabar ao perceber, por exemplo, que o chefe de Marks nunca aparece. Só temos contato com a sua voz. Outros certamente imaginarão que a prestativa mocinha é quem está no comando de um suposto ataque terrorista.

O diretor espanhol Jaume Collet-Serra recorre ainda a um velho truque do mestre Alfred Hitchcock, também fã do whodunit, ao concentrar nossa atenção num objeto – um celular que poderia revelar o assassino. Era o que “Hitch” chamava de MacGuffin.

SANIDADE

O filme também remete o espectador ao longa-metragem anterior de Collet-Serra, “Desconhecido”, também protagonizado por Liam Neeson. Além de buscar o culpado, o personagem central terá que provar a si próprio que não criou uma realidade alternativa.

É curioso observar que, após os ataques ao World Trade Center, em 2001, vários filmes passaram a questionar a sanidade dos passageiros e tripulantes de um voo. Vide “Plano de Voo”, com Jodie Foster, e “O Voo”, de Denzel Washington.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por