"Fiquei fascinado para sempre", diz Cristovão Tezza

Elemara Duarte - Hoje em Dia
23/04/2014 às 07:27.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:15

(Cleones Ribeiro)

Em intrincado embate de um homem com as culpas e os arrependimentos de uma vida inteira concentrado em poucas horas de um dia comum. É essa a diretriz de “O Professor”, nova investida do escritor catarinense Cristovão Tezza, que aporta às prateleiras com a chancela da Editora Record. Autor do premiado (e elogiadíssimo) “O Filho Eterno”, que o catapultou ao rol de nomes de relevo da cena literária contemporânea, Tezza conversou com o Hoje em Dia e falou sobre Heliseu, o personagem central de sua nova trama, e outros assuntos não menos importantes. A seguir, alguns trechos.

Todo estudante já se deparou com algum dedicado, erudito e um tanto quanto melancólico professor “Heliseu” no ambiente escolar. Este mestre fictício foi inspirado em algum personagem real com quem você teve contato, em Coimbra ou aqui no Brasil? Ou mesmo, o que este personagem tem de você?

Não, o personagem Heliseu é inteiramente ficcional. O ponto em contato meu com o personagem é apenas a área de estudo – fui professor durante mais de vinte anos na área de Língua Portuguesa, e a história da língua é um capítulo de estudo que sempre me interessou. Mas Heliseu, como todo personagem literário, é uma colagem ambígua de inspiração, imaginação e experiência. Do ponto de vista histórico, ele tem apenas10 anos a mais do que eu – e assim viveu aspectos da história do Brasil que também me marcaram.

No mundo contemporâneo, de instantaneidades e superficialidades, onde há espaço para a erudição de um catedrático como Heliseu? Como ele sobrevive?

A universidade é o local, teoricamente, em que se produz saber de ponta, em que se produz, ou pelo menos se deve produzir, conhecimento novo em todas as áreas. A universidade é o território por excelência do especialista – sem esta perspectiva, o ensino superior perde o seu sentido primeiro. Mas o meu livro trata de uma figura humana, em situações familiares e emocionais concretas. De certa forma, meu romance é uma hipótese de sobrevivência de alguém como Heliseu.

Soube que alguns dos seus livros vão virar filmes. Poderia falar brevemente sobre isso, especialmente sobre a filmagem do premiado “Filho Eterno”. Sabe quem será os atores principais?

Os direitos cinematográficos de “O Filho Eterno” foi comprado pelo produtor Rodrigo Teixeira (que produziu há pouco o ótimo “Heleno”). As filmagens devem começar ainda este ano, com direção de Paulo Machline, diretor que já foi indicado ao Oscar, mas eu não tenho informações sobre o elenco. Por opção minha, não tenho nenhuma participação na produção do filme. Outro livro meu, “Juliano Pavollini”, também vai virar filme, com direção de Caio Blat, que se apaixonou pelo romance e comprou os direitos. Ele deve começar a filmar no próximo ano.

Lembra-se do primeiro contato que teve com um livro? Como foi? Que livro leu ou leram para você?

Lembro nitidamente de “A chave do tamanho”, de Monteiro Lobato, o primeiro livro que li inteiro por conta própria – e fiquei fascinado para sempre pela leitura e pelos livros.

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