Flip homenageia Mário de Andrade, mas também tratará de narcotráfico

Leida Reis
01/07/2015 às 21:36.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:43

A 13ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) começou na noite de quarta-feira (1º de julho) com a homenagem ao modernista Mário de Andrade, morto em 1945, destacando as suas dualidades e lembrando a carta escrita pelo ao poeta e amigo Manoel Bandeira em que revela a própria homossexualidade.   Na mesa “Às Margens de Mário”, a professora da USP, Eliane Robert, destacou que “não podemos mais esquecer a homossexualidade de Mário de Andrade, ainda que a sua opção sexual não seja o principal de sua obra”. No mesmo tom, a escritora argentina Beatriz Sarno, para quem o brasileiro estava à frente de seu tempo, destacou a riqueza da literatura e do pensamento político do modernista que “não podem ser reduzidos à sua sexualidade”.   O biógrafo de Mário de Andrade, Eduardo Jardim, preferiu destacar a força do escritor como promotor e ao mesmo tempo crítico do modernismo, ressaltando o termo “bivitalidade” por ele criado.   Jardim lembrou que o escritor se referia a si mesmo como um desses animais que têm “dois estômagos”, dotado de uma vida de cima (inteligente, crítica) e uma vida de baixo (mundana, mas que não podia ser descartada). A espécie de dualidade no pensamento de Mário de Andrade também aparece quando ele discute o conceito de nacionalidade, em que se cria uma tensão entre o erudito e popular.   Mais cedo, na mesa de apresentação das pesquisas de livro e leitura do Itaú Cultural, o escritor Marcelino Freire lembrou que se a Flip homenageou mais homens que mulheres, neste ano escolheu um homossexual, o que revela estar antenada com os novos tempos.   Na mesa de abertura da Festa Literária de Paraty, quando começou a ler o último poema do autor homenageado em que há uma sequência de pessimismo, “estou pequeno, inútil, bicho da terra, derrotado”, Eduardo Jardim foi interrompido pelo ator Pascoal da Conceição. Sósia de Andrade, o artista interpretou o modernista na minissérie “Um Só Coração”, da Rede Globo. Segurando um buquê de flores brancas, ele começou a recitar poemas na  plateia e subiu ao palco, dizendo a Jardim estar satisfeito com a biografia por ele escrita, “Eu Sou Trezentos”, lançada no ano passado.   No sábado, um dos pontos altos da Flip, que teve reduzido seu orçamento deste ano em cerca de 25%, será o debate entre dois jornalistas acostumados a tratar de temas fortes como narcotráfico e corrupção, o inglês Ioan Grilo e o mexicano Diego Osorno. Eles substituem o italiano Roberto Saviano, que cancelou sua vinda ao Brasil por não sentir segurança no país, depois de ter sido jurado de morte pela máfia, objeto de sua obra literária, especialmente o livro “Gomorra”.

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