O antropólogo e artista visual Francilins apresenta, até este domingo (4), “Inframundo Tropical”, instalação que mescla fotografias e vídeos sonidos montados em aparelhos que acionam múltiplas possibilidades de percepções sensoriais. 

 

O trabalho retrata uma investigação feita ao longo de 13 anos, sobre hotéis que abrigam prostitutas e travestis da região da Guaicurus. Francilins diz que o que o levou a esse trabalho foi “o interesse pelos fortes antagonismos concentrados neste epicentro”: o que seria o maior complexo de prostituição do país, em um dos estados mais católicos e conservadores do Brasil. “Junto a isto o interesse antropológico e a possibilidade de produzir uma obra fotográfico-artística de relevância, seja pela temática, dificuldade de acesso e por tratar de um tema que tange a todos”. 

 

A abordagem com as prostitutas provocou reações das mais diversas. “Em princípio, negação, mas algumas inclusive incorporam como estimulante sexual, valoração da autoestima etc”, narra ele. 

 

A iniciativa se propõe a ser também sensorial, exigindo um cuidado na ambientação. “Só por deslocar o fruidor da obra de arte para este ambiente já trata-se de uma imersão sensorial. Outros cheiros, ar denso, luz de outro universo. Além disso as obras propõem um deslocamento da sensorialidade vigente, instalando novas formas de percepção da obra. A estereoscopia entra com uma cunha, lobotomizando o cérebro e suas normatividades”. 

 

O retorno do público vem superando expectativas desde a abertura da mostra (22/4). “A interação e deslocamento com pessoas que não visitam tipicamente aquele espaço provocou um happening profícuo e festivo”. A experimentação foi viabilizada pelo 13º Prêmio Funarte Marc Ferrez, e culminará em uma publicação com reflexão crítica sobre as propostas de Francilins no campo das artes. “Por enquanto, me dedicarei a escrever o livro sobre o processo criativo, mas estamos abertos a convites”.

 

“Inframundo Tropical” no Hotel Diamante (av. Santos Dumont, 574). Visitas gratuitas até este domingo (4), das 10 às 22 horas.

 

*Colaborou Fernando Dutra