Fórum das Letras: entre cachecóis e poesia

Elemara Duarte - Hoje em Dia
31/05/2013 às 16:36.
Atualizado em 20/11/2021 às 18:44

OURO PRETO – É festival de literatura, mas parece de inverno. Entre cachecóis e bons debates, a programação gratuita do Fórum das Letras de Ouro Preto segue até domingo. A abertura do evento, anteontem, contou com a disputada apresentação da poetisa Adélia Prado. Bem humorada, no alto dos seus 77 anos, a escritora de Divinópolis lançou e autografou a coletânea “Reunião de Poesia” (Best Bolso) e, no palco do Cine Vila Rica, leu quatro poemas inéditos do seu próximo livro, “Miserere”.

Ela confirma e classifica como “momento histórico” o enfrentamento do medo na viagem de avião para participar da Feira do Livro de Frankfurt 2013, que acontecerá em outubro na Alemanha. “Eu rezo muito”, frisa.

Adélia Prado orgulha-se de ser dona de casa, e convenhamos, é uma das mais queridas do país. Talvez por isso, sua poesia cheia de humanidades e com o que há de mais simples na vida seja o segredo para pegar leitores pela afinidade. Onde ela vai tem imprensa, fã, curiosos. A fila gigante para os autógrafos prova isso. “A arte fala o que você é, o que nós somos”, ensina.

Em entrevista ao Hoje em Dia, a escritora diz que o título do novo livro, o 19º de sua carreira, é palavra de um latim que todo mundo consegue entender. “Miserere” pode ser traduzido como “tem misericórdia”. “São poemas mais escuros. Está indo para a editora agora. O menino lá (netos ou filhos; a autora não escreve no computador) já digitou para mim”.


Pequenos leitores

Antes do papo com os leitores adultos, Adélia também papeou com os pequenos leitores do Fórum das Letrinhas sobre o livro “Carmela Vai à Escola”, de 2011. “A Carmela foi à escola quando era pequena. Agora, cresceu, então, ela precisa de namorar, né? Vou ver se vou dar conta de fazer essa parte”, anunciou. A meninada recitou poemas e fez perguntas para a autora. “Uai, com menino é festa”, resume ela.

A justificativa boa que o Fórum teve para tirar a autora do aconchego do lar no Centro-Oeste mineiro é o lançamento da coletânea de bolso. Para a Alemanha, para enfrentar o frio na barriga em voar, uma das garantias é a companhia da agente literária Lúcia Riff.
Vai encarar avião, Adélia? “Ou o avião vai me encarar”, brinca. A autora diz que tem poucos textos traduzidos no alemão, geralmente, publicado em coletâneas com outros autores. “Sou mais traduzida no inglês”, aponta.

Saiba mais

O que te faz soltar os cachorros?
“Eu tenho uma paciência curta, é um dos piores defeitos meus... Mas deixa eu ver...”, pensa ela. E arremata com uma gargalhada: “O que me faz soltar os cachorros é uma pergunta igual a essa, que eu não sei responder!”.

E o que vale a pena levar na bagagem?
“Um relaxamento muito grande. Um bom livro. Uma ação de graças. Uma confiança. E um terço”.

* A repórter viajou a convite do Fórum das Letras

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