Paulo André escreveu roteiro e está no elenco do filme dirigido por Marcio Abreu (Fernando Lara/Divulgação)
Em um mundo prestes a acabar, um casal resolve caminhar pela cidade para vivenciar os últimos dias. Até parece uma história de ficção-científica distópica, mas o texto escrito por Paulo André para o filme “Febre” carrega uma leitura mais sensorial sobre as mudanças que vêm ocorrendo na sociedade.
“Esse mundo capitalista e muito egoísta um dia irá acabar. Está com seus dias contados. O que vem depois? Não sei. Não gosto de mensagens. Pode ser a proposta de um novo mundo, um lugar melhor”, registra André. O filme está disponível até domingo, de 20h às 23 horas, no canal do Grupo Galpão no YouTube.
“Febre” fecha o projeto “Dramaturgias – Cinco passagens para Agora”, da companhia teatral mineira, criado como alternativa para a impossibilidade de apresentações presenciais durante a pandemia. Foi ela, por sinal, que serviu de inspiração para André escrever o enredo do filme, dirigido por Marcio Abreu.
O ator começou a elaborar o argumento no início da pandemia, em 2020, quando vivia um momento sem perspectivas. “Não só pela pandemia, mas também porque passamos a ter um governo que só destrói. A premissa pode ser pessimista, mas na feitura não é. Há um movimento, uma vontade de sair da passividade”, analisa.
O título também está relacionado com a Covid, contraída por Paulo André. Entre os sintomas, sentiu muita febre. “O texto tem esse lado febril, com muitas imagens se intercalando, com elipses e reiterações. Essa febre guiou a gente, entre o delírio e o sonho, em que vejo uma pessoa que pode ser eu também”.
André define o filme como uma história de amor pós-pandêmica, baseado em estrutura poética. “Foi escrito como um grande poema. O texto original é um díptico, dividido em duas partes. Embora elas se correlacionem, são diferentes”, detalha. “Febre” foi construído como parte de um processo maior, devendo gerar uma peça.
O estímulo para escrever não deverá parar em “Febre”. Ele destaca que, no Galpão, os integrantes fazem um pouco de tudo. “A gente não fica amarrado à atuação. Não é como nas escolas tradicionais de teatro. A nossa veio do teatro de circo, em que o pessoal faz o que precisar. Até pregar botão”.
A volta das apresentações presenciais já está no horizonte do Galpão. Em breve o grupo põe o pé na estrada para comemorar os 40 anos da trupe. Levada para o palco pela primeira vez em 2009, “Till, a Saga de um Herói Torto” será remontada, com estreia prevista para o Festival de Curitiba, no fim do mês.
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