Gifs, jeito gostoso de fazer cinema

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
27/01/2016 às 07:21.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:11

(Leo Fontes)

TIRADENTES –  Os gifs (abreviação de graphics interchange format) são mais usados como uma forma de se interagir com divertidas e pequenas animações, que não carregam muito o seu computador ou smarthphone, mas também pode ser um primeiro passo para se tornar diretor de cinema sem precisar de muitos recursos.

“O que eu falo para os meus alunos é o seguinte: se querem fazer cinema e não têm ainda as ferramentas para começar, podem partir dos gifs, que também são narrativas como os filmes”, destaca Henrique Kopke, professor da oficina “Criação e Produção de Gifs Animados”, parte da programação da 19ª Mostra de Cinema de Tiradentes. (Veja vídeo abaixo)

Kopke explica que os gifs repetem os processos básicos da sétima arte, tanto no ver como no fazer, remetendo principalmente ao cinema mudo do século 19. “É como se você estivesse vendo um filme dos irmãos Lumiére (inventores do cinema), em que a câmera aponta para alguma coisa e ocorre uma ação”, registra.

O professor lembra dos brinquedos ópticos como precursores do gif, citando o taumatropo, criado por William Fitton em 1825, em que um disco de papelão, com duas cordinhas de cada lado, tinha desenhado, numa das faces, um passarinho e, na noutra, um gaiola. Ao girá-lo, criava-se um efeito em passarinho aparecia dentro da gaiola.


Dos russos às memes

“Os gifs propriamente começaram com o Orkut, com palavras coloridas que brilhavam. Depois vieram os memes, com texto e imagem. A junção deles formava uma ideia, como mostrou as vanguardas russas (décadas de 1910 e 1920), quando (o cineasta Lev) Kuleshov mostrou que a soma das imagens A e B resultavam numa terceira imagem”, detalha.

A diferença, destaca Kopke, é que os gifs não têm uma narrativa convencional (“Não tem um fim definido, parando quando o usuário quiser”, ressalta) e – por enquanto – som. “Mas daqui a pouco um geniozinho irá descobrir uma maneira de botar uma extensão de som também”, diverte o professor, que ganhou o festival Anima Mundi de melhor animação para web.

Formado em Belas Artes na UFMG, Kopke salienta que já há profissionais dedicados à produção de gifs como uma expressão artística – entre eles o mineiro Leo Pyrata, que já produziu mais de três mil desses desenhos. Ele também é um dos coordenadores da Mostra Nacional de gifs, em Juiz de Fora, que teve sua primeira edição no ano passado.

Aprendizado

Entre os alunos da oficina, a primeira do Brasil realizada num festival de cinema, Rose Valverde chama a atenção por ser a mais velha da turma, formada majoritariamente por adolescentes. Ela tem 55 anos e, por ser professora de arte em Juiz de Fora, está fazendo o curso para aplicar essa técnica essa sala de aula, interagindo mais facilmente com o universo jovem.

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