(Renato Cobucci)
Após pelo menos dois anos de (satisfatórias) relações pontuais de parceria, a Universidade Fumec e o grupo Giramundo firmaram importante convênio na última quarta-feira, dia 24, que estabelece três anos de duração, renováveis conforme interesse das partes, e repasse ao grupo de R$ 120 mil/ano.
Prevê para março de 2013 a reabertura do Museu Giramundo, fechado por falta de recursos desde fevereiro de 2011; o acolhimento continuado de estudantes da universidade, como estagiários, e a criação de um curso de extensão de Design de Bonecos; e a publicação de dois livros: um sobre a história do grupo, outro expondo as técnicas que codificou em 42 anos de ações.
Apesar de modesto, quando comparado aos valores de outros incentivos à cultura no país, o acordo representa significativamente para o Giramundo. Politicamente, digamos, pela aproximação cultura/educação, muita praticada no exterior, mas ainda tímida no Brasil.
Mas, principalmente, por proporcionar o retorno do mais prestigiado grupo de teatro de bonecos do Brasil ao convívio estreito com uma universidade.
Criado em 1970, por Álvaro Apocalypse, Teresinha Veloso e Maria do Carmo Martins, todos ligados à Escola de Belas Artes, o Giramundo prosperou ao abrigo da UFMG por 23 anos. Dali se retirou em 2003, “literalmente sem pai nem mãe”, diz o ex-aluno da Belas Artes e agora diretor-artístico, Marcos Malafaia, que se juntou ao grupo em 1987.
Sem Respirar
Entusiasta desta volta ao campus, foi Malafaia quem ‘costurou’ o acordo com a Fumec, onde é professor. “É como despertar de uma apneia; como estar debaixo d’água, sem respirar, durante uma década”, ajuíza. A longa relação com a UFMG plantou no Giramundo o gosto “pela pesquisa, pelo conhecimento codificado, por descobrir, inventar, ter rigor, apego aos livros e a pretensão de ensinar”, afirma Marcos. Com a Fumec, o grupo volta à “gênese, sua índole”.
Do novo parceiro, o Giramundo vem se beneficiando notadamente da aquisição de know how de tecnologias avançadas, que incorporou aos três últimos espetáculos - procura, aliás, que arranca os cabelos da equipe de criação do próximo, uma adaptação da Alice, de Lewis Carroll. Animado pela companhia científica, prevê ampliar suas ambições por sustentabilidade e mais cuidados ecológicos. Pois, para quem ainda não se deu conta, “a arte também polui”.
Na edição digital do Hoje em Dia, mais informações sobre o Giramundo