Grécia: crise econômica atinge a cultura helênica

Cinthya Oliveira - Do Hoje em Dia *
20/10/2012 às 18:59.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:24
 (AIRIS MESSINIS/AFP)

(AIRIS MESSINIS/AFP)

TELASSONICA (Grécia) – A crise europeia está no noticiário de todo o mundo e, depois da música, é, claro, o principal assunto entre os frequentadores da World Music Expo -–Womex, feira itinerante que este ano aportou no principal foco da crise: a Grécia.

Lá, como nos outros dois países mais afetados pela turbulência (Portugal e Espanha), a cultura vivencia o principal corte de gastos – sem contar o aumento de impostos. “Há quem acredite que esse seria o momento para se apostar em cultura, mas são poucos”, afirma Eva Anyfanti, produtora cultural grega.

Segundo ela, os investimentos em cultura caíram mas o setor sempre teria vivido problemas. “Os patrocinadores nunca apostaram muito em cultura. A diferença é que hoje têm desculpas”, diz Eva. “Apenas alguns músicos populares conseguem rentabilidade com o trabalho. Os outros “sobrevivem”, nos circuitos de festivais da Europa.”

Obstáculos

É ainda mais complicado para quem se mostra em sintonia diferente das propostas por seus governos.

Segundo Berta Ribas, representante de diversos artistas da Catalunha, na Espanha, consegue mais suporte governamental quem tiver o discurso afinado com o governo atual – de direita. “É complicado”, afirma ela, que, como boa parte dos catalães, se sente afinada com a esquerda.

E realmente é impossível dissociar arte de política em momentos de crise. Assim como em diversos lugares do mundo, os artistas europeus tendem a se manifestar contra os governos que apostam em políticas de austeridade fiscal. “Criamos o 15M em Barcelona, que é como o Occupy de Nova York.

Boa parte dos participantes trabalha com cultura”, relata Berta. Ela relata diminuição significativa no número de concertos e festivais na Europa. “Procuramos mostrar aos governantes que, se continuarmos nesse caminho, a cultura acaba”.  

Polarização

Com a crise, os políticos moderados perdem espaço e passa a existir uma maior polarização nos governos. “Na Grécia, a maior parte dos policiais votou na extrema direita, enquanto os operários escolheram representantes da extrema esquerda”, explica, por seu turno, o programador visual grego Dimitris Moraitis.

Em meio a esse cenário, o produtor paulista Thiago Cury acredita que os europeus podem aprender com os brasileiros a serem criativos.

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