Grupo Farme in the Cave se destaca no FIT

Miguel Anunciação - Do Hoje em Dia
Publicado em 25/06/2012 às 07:59.Atualizado em 21/11/2021 às 23:04.
 (Viktor Kronbauer/Divulgação)
(Viktor Kronbauer/Divulgação)

De novo, o grupo Farme in the Cave, da República Tcheca, veio parecer o que houve de melhor de toda a programação teatral do FIT-BH. Como já havia acontecido em 2008, com “Escravo, a Canção do Imigrante”, “The Theatre” mostrou tamanha concentração de domínio técnico, viço e erótica na sua cena que praticamente impôs a lugares secundários todos os demais 40 espetáculos escalados.

O que não invalida, no entanto, o valor de outras atrações que esta 11ª edição do festival pôde oferecer. O monólogo “Estamira - Beira do Mundo”, por exemplo. Eis um sério candidato a se tornar um clássico do teatro brasileiro. Pela entrega e pela lírica que a atriz Dani Barros dispensa ao seu personagem, num registro inesquecível, até para quem já viu e gostou do filme.

Apesar de trafegarem em gêneros completamente distintos, de alguma maneira “Mistero Buffo”, da Cia La Mínima” (SP), e o francês Voyageurs Immobiles”, da Cia Philippe Genty, se beneficiariam de um mesmo procedimento. São excelentes em boa parte, na maioria do tempo que duram, mas talvez poderiam ser ainda melhores se se dispusessem a reduzir um pouco o que duram. Provavelmente, soariam bem mais “redondos”, não correriam o risco de parecer alongados. Desnecessariamente.

Talvez não seja exagero salientar o papel que durar entre seis e sete horas cumpre em relação à mística de “O Idiota - uma Novela Teatral”. É notório o empenho e a confiança do elenco de estar realizando uma obra notável. Isso joga a favor do espetáculo. Já a encenação mesmo acolhe talvez excessivamente do texto de Dostoievski e das soluções da direção de Cibele Forjaz, nem sempre tão virtuosos assim. O que leva a parecer que selecionar mais talvez funcionasse mais favoravelmente. Mesmo que diminuísse a duração que distingue tanto a produção.

Senhor de vasto vocabulário de atuação, Cacá Carvalho deveria pensar mais em dosar seu arsenal de recursos de voz e corpo, que exibe em “Umnenhumcemmil”. Esse arsenal é tão vasto, tão exuberante, que muitas vezes ele se presta a barrar o acesso, a compreensão da história que o texto de Luigi Pirandello descreve. Como feitiço contra o feiticeiro. Readequar o que neste caso, sem dúvida, é grandioso pode tornar-se bom exemplo de quando menos é mais.
 

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