OSCAR

Indicado à estatueta de melhor documentário, 'Summer of Soul' está em cartaz nos cinemas de BH

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
18/02/2022 às 16:00.
Atualizado em 18/02/2022 às 16:20

Produção foi exibida no Festival de Sundance, nos Estados Unidos, tendo recebido os prêmios do Júri e Público na disputa de docs (Disney/Divulgação)

A partir da música negra do fim da década de 1960, o documentário "Summer of Soul (...Ou, Quando a Revolução não Pôde Ser Televisionada)" traduz uma cena cultural e política dos Estados Unidos em franca ebulição naquele período.

O fato as potentes imagens nunca terem sido exibidas antes, apesar de sua inquestionável importância histórica e social, já diz muito sobre as marchas e contramarchas envolvendo a questão racial no país.

Indicado ao Oscar da categoria e já em cartaz nos cinemas, "Summer of Soul" é didaticamente claro, valendo-se apenas das gravações de um festival ocorrido no bairro do Harlem, em Nova York, e que reuniu a nata da música black.

Com exceção de algumas entrevistas atuais, feitas principalmente com pessoas anônimas que assistiram ao evento, para sentir o impacto sobre elas, o diretor Questlove se concentra em organizar e dar significados ao material.

Esse é o mérito do longa, um primoroso trabalho de pesquisa e edição que nos leva à inevitável pergunta-constatação sobre invisibilidade negra: por que Woodstock, realizado no mesmo ano, ganharia tamanha permanência?

A cada minuto de projeção, essa questão gera mais e mais incômodo, ao mesmo tempo em que nos encantamos e envolvemos com a qualidade musical de atrações como Stevie Wonder, B. B. King e Nina Simone.

Para além do quesito artístico, em que se vê as várias influências e tendências que se consolidariam mais tarde, "Summer of Soul" explora o significado sociopolítico de um festival como aquele para o empoderamento.

Das roupas coloridas usadas pelo público à intenção do prefeito da época, passando pelas citações a Martin Luther King, Panteras Negras e outros expoentes da luta negra, o filme reverbera uma força transformadora.

Atento à essa leitura, Questlove constrói o documentário no sentido de não se limitar ao simples documento e fazê-lo repercutir nos dias atuais, incutindo uma verdade histórica ainda tão negada e menosprezada. 

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