Sacrifício para vencer em qualquer ramo de atividade: assim podemos resumir, a partir dos três concorrentes que estreiam nesta quinta-feira (29) nos cinemas (“Birdman”, “Grandes Olhos” e “A Teoria de Tudo”), os ingredientes que nortearam os acadêmicos para a escolha dos dez filmes indicados à principal categoria do Oscar. Ao lado de “Whiplash – Em Busca da Perfeição”, ainda em cartaz, e “O Jogo da Imitação”, em pré-estreia, essas produções apontam para uma sociedade tão voraz que, para se ter sucesso, não basta o talento.

A recompensa pelo reconhecimento vem a custo de muitas perdas pessoais e traumas psicológicos, como deve ser o jogo capitalista. “Birdman”, do diretor mexicano Alejandro González Iñarritú, é o mais radical nessa visão, ao acompanhar um ator que, após aceitar viver um super-herói nos cinemas, tenta fazer o caminho “de volta” para o circuito independente ao montar uma peça na Broadway, sofrendo com a desconfiança da crítica e de seus colegas. A pressão aumenta com a proximidade da estreia, ampliada pelos longos planos-sequência nos labirínticos corredores de um teatro de Nova York. 

Esse olhar pouco glamouroso dos bastidores, com brigas de egos e atores perturbados, é revelador das entranhas que movem a sociedade, numa disputa constante para ser o melhor. Mas o “melhor” nem sempre é o mais capaz, mas sim o que sabe aproveitar de uma realidade mediada de forma incontornável pelas mídias sociais e pelo culto às celebridades. E Riggan Thomson (Michael Keaton) tomará conhecimento disso ao caminhar nu pelas ruas externas do teatro, flagrado por diversos celulares e ganhando milhares de views.

Inabilidade

Margaret Keane (Amy Adams), de “Grandes Olhos”, dirigido por Tim Burton, também pagará um preço caro por sua inabilidade em ser carismática. Algo que seu marido soube aproveitar muito bem, assinando os quadros pintados pela mulher. A história é baseada num caso real e chama a atenção por mostrar a farsa que a própria sociedade arma para si.

“A Teoria de Tudo” também é inspirado na trajetória de um personagem verídico: o físico Stephen Hawking. É o filme mais fraco dos três, por sua narrativa conservadora, calcada na relação do cientista, portador de esclerose lateral amiotrófica, com a esposa Jane, não deixando de sutilmente condená-la por abandonar o marido – que viria a perder todos os movimentos do corpo. 

Assista o trailer de 'Birdman':

Assista o trailer de 'A Teoria de Tudo':

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