SÃO PAULO - O Irã anunciou que pode não participar da Feira do Livro de Frankfurt, na Alemanha, de 2015, por causa da presença do escritor indo-britânico Salman Rushdie, convidado para fazer o discurso de abertura do evento.
Crítico do papel da religião na sociedade, tema central de sua bibliografia, o autor recebeu do país uma sentença de morte -ou fatwa- em 1989, após a publicação de seu quinto livro, "Versos Satânicos". A obra foi descrita como uma blasfêmia contra o Islã
e o profeta Maomé.
Um comunicado do Ministério da Cultura iraniano, divulgado pela rede alemã Deutsche Welle, afirma que a feira de Frankfurt, "sob o pretexto da liberdade de expressão, convidou uma pessoa que é odiada no mundo islâmico".
O país "protesta com veemência" contra a participação de Rushdie como orador convidado, diz o texto. Teerã pediu que outros países islâmicos seguissem o exemplo.
O organizadores do evento justificaram o convite ao escritor afirmando que "a biografia de Rushdie e suas obras literárias fazem dele uma voz influente no debate mundial sobre a liberdade de expressão", um dos temas-chaves da feira deste ano.
O autor, que atualmente vive nos Estados Unidos, é de família muçulmana e se identifica como ateu. Sua fatwa tem validade até hoje, mas o escritor não se cerca mais de um rígido aparato de segurança como no passado.
A possibilidade boicote à feira, uma das maiores do mundo, é um duro golpe às editoras iranianas. No ano passado, 282 delas levaram mais de 1.200 títulos ao evento.
A Feira do Livro de Frankfurt começa na próxima quarta-feira (14) e vai até o dia 18 deste mês.