(Rafael Serra/Divulgação)
Após 30 anos de trabalho com Maria Bethânia (26 deles como diretor musical), Jaime Alem pode experimentar um projeto construído com maior calma, sem a pressão de intensas turnês. Juntou umas músicas que já apresentava ao lado de sua mulher, a cantora Lírica Nair Cândia, e herdeiros do projeto “Dez Cordas do Brasil”, com composições novas. O resultado foi um repertório bastante eclético, inserido no disco “Meu Relicário” (Biscoito Fino). “Quis tocar ao vivo, com um ou dois takes de cada música, sem burilar demais, para pegar o máximo de espontaneidade possível”, diz Jaime. A referência ao relicário foi bem adequada. Não um conceito que define a sonoridade do álbum, mas uma boa reunião de trabalhos que definem bem por onde Jaime trafega. Há dois momentos bem orquestrados – a faixa-título e o pot-pourri instrumental “Baião/ Baião da Penha”. O lado violeiro de Jaime também está bem representado. Nascido na cidade paulista de Franca (divisa com Minas) e criado em Ouro Fino durante a infância, o artista sempre teve influência da rica cultura interiorana. Seu avô era maestro e as referências musicais eram fartas em casa. Além da sonoridade da viola, Jaime homenageia a influência da família mineira também na faixa “Eu Vim pra Minas Gerais”, composta nos anos 1980, durante um encontro com seu pai na cidade de Vargem Bonita. “Na época, eu estava fazendo shows da dupla Jaime e Nair no circuito universitário, em cidades do interior de Minas e São Paulo. Numa dessas passagens, encontrei o meu pai, que era um aventureiro que havia largado tudo pelo garimpo. Conversamos sobre o declínio do garimpo, sobre o novo sonho, que eram os cafezais. É sobre isso que trata a música”, lembra. Os shows baseados em “Meu Relicário” já começaram a ser feitos e uma data em Belo Horizonte está para ser agendada. Jaime garante que 90% do disco podem ser levado para o palco com a formação de sexteto: ele e Nair, acompanhados de piano, percussão, violoncelo e contrabaixo.