Jaques Morelenbaum lança, enfim, um disco para chamar de seu

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
12/10/2014 às 10:06.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:35

(Divulgação)

Jaques Morelenbaum é o violoncelista mais requisitado do país. Em 40 anos de carreira, participou de gravações e produções de mais de 700 álbuns, além de mais de 2.000 concertos. Não só com os principais artistas da música brasileira – como Tom Jobim, Caetano Veloso e Gilberto Gil – como famosos de diversas partes do mundo – David Byrne, Cesária Évora, Mariza, Sting e Julieta Venegas.

Mas, por mais incrível que pareça, somente agora o mercado fonográfico recebe um álbum com sua assinatura. Resultado do projeto CelloSam3aTrio – realizado ao lado do violonista Lula Galvão e do percussionista Rafael Barata –, o álbum “Saudade do Futuro, Futuro da Saudade” (Biscoito Fino) traz versões de músicas conhecidas, como “Eu Vim da Bahia” e “Outra Vez”, e algumas autorais do trio.

Embora a sonoridade grave do violoncelo pareça estranha ao samba, esse gênero conduz o trabalho, criado há dez anos de forma despretensiosa. “Um amigo alemão, que costuma levar os shows de brasileiros para a Europa, me perguntou se eu tinha algo diferente para levar para a Alemanha. Disse: ‘Tenho, claro’. Na hora liguei para o Rafael Barata e propus a ideia do trio, que existia na minha cabeça há algum tempo”, conta Morelenbaum.

Desde o início, a principal inspiração foi o samba sofisticado de João Gilberto. “Tinha uma fita cassete do disco de 1973 do João, que ouvi até estragar. Aquele disco é o máximo do minimalismo do samba. Ali estão apenas o João, seu violão e uma percussão leve. Um universo tão maravilhoso que englobava tudo”, lembra o músico, que naquela época já começou a se inspirar no tom grave da voz do ídolo para desenvolver seu violoncelo na MPB.

Mala para trazer CDs

Logo que deixou o trabalho com Caetano – artista com quem trabalhou por 14 anos seguidos – Morelenbaum passou a investir no CelloSam3aTrio, com shows na Europa e vizinhos da América do Sul. A recepção no exterior foi surpreendente, especialmente em Buenos Aires, onde o violoncelo é mais usual em grupos populares.

“Fizemos um show sábado em um auditório sem cadeiras que ficou completamente lotado. As pessoas ficaram sentadas e coube muito mais gente do que se houvesse cadeiras”, conta o violoncelista. “No dia seguinte, fui para a feirinha de San Telmo. A cada esquina, tinha uma banda tocando, que sempre parava quando nos via passar. A cada esquina tinha um músico que vinha nos cumprimentar e nos entregar seus discos. Ganhei uns 60 CDs e tive que comprar uma mala para trazer todos para o Brasil”.

Projetos

O trio está em turnê internacional neste momento, passando por cidades como Atenas, Porto, Viena e Barcelona. Em novembro, ele volta ao Velho Continente para um concerto especial em homenagem a Tom Jobim, em Cartagena, na Espanha.

Ele também está preparando a trilha sonora para um longa-metragem que terá roteiro de Gloria Perez e um novo projeto com o pianista cubano Omar Sosa, para ser interpretada com uma big band estatal alemã.

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