Jorge Viveiros é um dos convidados na homenagem a Raduan Nassar no ‘Terças Poéticas’

Elemara Duarte - Hoje em Dia
19/08/2014 às 07:06.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:51
 (Divulgação)

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“Agradeço a lembrança. Mas estou afastado da literatura. É meio complicado receber homenagens”. A fala, com um toque de desapego, é de Raduan Nassar, 78 anos, um dos homenageados desta terça-feira (19) do Terças Poéticas” (19h).

Autor de “Lavoura Arcaica” (1975), “Um Copo de Cólera” (1978) e dos contos de “Menina a Caminho” (1997), Nassar será lembrado pelo fundador da Editora 7Letras e escritor Jorge Viveiros na Casa Una (rua Aimorés, 1451). Já o artista plástico Marcelo Xavier presta homenagem ao colega Rui Santana. Entrada gratuita.

O “Terças Poéticas” pressupõe um homenageado a cada edição, daí a lembrança de Viveiros. “Ele me influenciou pela preocupação formal com a escrita. Tem uma prosa com sabor quase musical”. Trata-se de uma homenagem que se junta a centenas de outras que, na web, surgem indiferentes a qualquer indiferença.

“Escreva Raduan”, pede uma leitora, em um perfil de Nassar – não-oficial – no Facebook, criado para “homenagear um dos maiores nomes da literatura brasileira”. “Que texto, hein? Nossa, cortante, ‘Ninguém dirige aquele que Deus extravia’”, afirma outro leitor sobre um dos trechos de “Um Copo de Cólera”, que narra o que vem depois de uma noite de amor entre um fazendeiro e uma jornalista, quando a aparente harmonia se quebra por conta de um ataque de formigas à propriedade.

Nos sites de vendas de livro, mais confetes: “É uma novela que vale a pena ser bebida sem moderação”. Nos últimos anos, uma das raras aparições de Nassar foi em evento apresentado por Luiz Fernando Carvalho, que adaptou “Lavoura
Arcaica” ao cinema, em 2001. “Estudo Raduan no mestrado e fiquei muito feliz por ter visto essa cena tão linda”, lembra um fã, no YouTube, sobre o sarau.

Já em raduan-nassar.blogspot, a pesquisadora Ana Ribeiro se autodefine: “Leitora irrecuperável de ‘Lavoura Arcaica’ escrevendo sua dissertação de Mestrado em Literatura Brasileira pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)”.

No Twitter, mais “homenagens”. “Raduan Nassar fez pouco, mas esse pouco é coisa pra c...”, resume um leitor. Natural de Pindorama (SP), Nassar não está recluso – palavra que supõe estar preso ou vivendo longe de tudo. Diz que adotou a profissão de pecuarista em Buri, interior de São Paulo.

Recentemente, doou a fazenda em que trabalhava à Universidade Federal de São Carlos. Raduan deixou o talento impresso de presente e, agora, está “fora da jogada”, como frisa à reportagem. O que importa é que demonstra ser fiel a si mesmo, ao que acredita em cada época da vida, cedo ou tarde. E nós, o que temos com isso?
 

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