Lilia Cabral se junta à filha para apresentar peça sobre solidão em tempos de pandemia

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
03/11/2020 às 19:44.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:56
 (RICARDO BRAJTERMAN/DIVULGAÇÃO)

(RICARDO BRAJTERMAN/DIVULGAÇÃO)

Para fazer a peça “A Lista”, criada justamente para o formato on-line,  Lilia Cabral passou várias semanas ensaiando apenas por meio de uma plataforma digital, antes  que pudesse se juntar à filha Giulia Bertoli no palco para os ajustes antes da estreia.

“É muito estranho. Nestas plataformas, você tem um delay. É preciso dar um tempo para a pessoa ouvir o que você está falando. Mas é uma questão de costume”, registra a atriz, que apresentará o espetáculo amanhã, às 20h30, no canal do Sesc Minas e do Teatro ClaroRio.

“Depois de um tempo você entende a situação e o porquê de fazer, mesmo on-line, é tão importante. Não podemos deixar a arte morrer. Temos que ocupar o palco, mesmo sem plateia. É uma surpresa, um desafio, que sempre acaba em emoção”, observa.

A apresentação é gratuita, mas o público poderá fazer doações, por meio de QR Code, para o Mesa Brasil Sesc, programa de combate à fome e ao desperdício de alimentos

A história de “A Lista” é muito ilustrativa deste momento de pandemia, em que uma sexagenária não sai de casa para nada, dependendo dos serviços de uma garota para fazer as compras. Até o dia que esta comunica que será a última vez.

“Minha personagem é implicante, amargura e cheia de manias. No final das contas, descobrimos duas pessoas distintas unidas pela solidão”, assinala Lilia, que tem recebido muitas mensagens de espectadores que se identificam com a dupla.

Para a atriz, a pandemia nos ensinou muita coisa. Mas só para quem sabe tirar lições positivas  das experiências. “Quem  olha o lado bom da vida, certamente aprendeu. Mas é preciso ter humildade. Há ainda aqueles só se voltam para si”, lamenta.

Lilia revela que, antes da pandemia, se preparava para participar de duas novelas. A primeira seria “Olho por Olho”, de João Emanuel Carneiro, que substituiria “Amor de Mãe” – o folhetim teve exibição suspensa para dar lugar à reprise de “A Força do Querer”.

“Este foi um ano  em que a televisão parou. Ainda não sabemos quando voltarão. É esperar para ver”, diz a atriz, que aproveitou os primeiros meses de isolamento para organizar a casa. Mas ressalta que foi difícil para quem se acostumou a sempre trabalhar.

“A gente não para de criar e tenta administrar o sentimento de ansiedade”, admite. Além de participar como atriz de “A Lista”, ela vem trabalhando no desenvolvimento de uma série com a sua personagem, ao lado do criador da peça, Gustavo Pinheiro.

“Já entregamos um piloto para TV. A pandemia seria mais um pano de fundo, com o tema principal sendo a solidão”, adianta. A direção ficaria a cargo de Guilherme Piva, o mesmo da peça, que já havia trabalhado  com Lilia antes, como ator de novelas.

"A Lista" também está sendo adaptada para futuras apresentações presenciais. “Ainda é preciso de um pouco de cautela, apesar dos convites. Hoje a peça tem 50 minutos e estamos preparando um segundo ato, para que chegue a uma hora e vinte”.

Lilia acredita que o on-line continuará mesmo após a pandemia, como forma de expansão para  públicos que normalmente não teriam acesso. “O on-line lhe dá essa possibilidade. E ninguém sai dizendo que viu teatro filmado. É teatro vivo, feito na hora”.

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