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O romance “Um Defeito de Cor”, de Ana Maria Gonçalves, é ponto de partida para a discussão do papel do negro na sociedade brasileira, dentro do projeto “Ofício da Palavra”, nesta quinta-feira (15), às 19h30, no Museu de Artes e Ofício, na Praça da Estação.
A escritora, mineira de Ibiá, ressalta que o acontece na semana da abolição da escravatura e também na Semana Nacional de Museus. “Meu trabalho tem sido o de contar um pouco do que foi a escravidão no Brasil e as consequências nos dias atuais, e uma delas é o racismo”, destaca ela, que, no livro, aborda a sociedade brasileira escravista do século 19.
Para escrever a obra, lançada em 2006, Ana Maria passou dois anos – 2001 e 2002 – na Bahia, onde voltou a morar neste ano, após passagem pelos EUA. A escritora acredita que o “13 de Maio” foi um processo distorcido pelos historiadores, que “deram muita importância ao ato da princesa Isabel”, ignorando a luta dos negros, com as revoltas e os abolicionistas.
Na visão dela, os países que, de alguma forma, sofreram com a escravidão, sofrem até hoje com o racismo. Para ela, a tendência, aqui, é que os casos aumentem e também sejam mais divulgados, derrubando o mito de país “da democracia racial”. “Antes, não havia interesse em divulgar. Agora, acho que tendem a aumentar (os casos), pois vamos ver mais negros ocupando cargos de destaque na sociedade e o atrito vai ser maior”, ressalta.