Poderia a história do Brasil ser contada em apenas 200 páginas? A editora Valentina acredita que sim e confiou a difícil tarefa de síntese ao historiador e professor Marcos Costa. “A História do Brasil para Quem Tem Pressa” (200 pág., R$ 29,90) tem o objetivo de percorrer os fatos históricos do descobrimento do país ao governo Dilma – e ainda apresentar algumas imagens.
De acordo com o autor, a intenção é apresentar a história de maneira mais informativa do que reflexiva, mas para que o trabalho não caísse na superficialidade, foi escolhido um elemento aglutinador.
“Este elemento é a questão do projeto de nação. É ele – ou a falta dele – que causou uma atração mútua e aboliu a inevitável propensão para a dispersão dos temas abordados. Pode- se dizer que buscamos criar uma relação de covalência entre os temas que foi capaz de manter a resultante unida”, explica.
O público-alvo é amplo. O leitor pode ser um estudante adolescente ou um adulto interessado em “ter uma visão de conjunto sobre a história do Brasil e compreender um pouco as mazelas do tempo presente”. “Nesses tempos sombrios em que vivemos, o livro abre uma boa perspectiva para compreender os fatos”, completa.
Conhecimento
Costa defende que conhecer a história nos libertaria da recorrência de certos problemas brasileiros. “O maior deles é a questão do aparelhamento do Estado por políticos que se tornam agentes de uma elite econômica e legislam, portanto, em função dos interesses da classe que eles representam em detrimento do todo. A precariedade do ensino fundamental e médio no Brasil certamente contribui para a baixa compreensão do povo da verdadeira função do Estado”.
O autor afirma ainda que buscou uma neutralidade de posicionamento, superando a polarização do pensamento que tomou conta dos brasileiros nos últimos anos.
“Polarizações maniqueístas não são suficientes para dar conta de explicar um país tão complexo como o nosso. A história do Brasil merece e exige uma abordagem multifacetada. Sem esse tipo de abordagem, corre-se o risco de se supor que o maior dos nossos problemas – a falta de um projeto de nação – seja responsabilidade do outro, e nunca de nós mesmos”.
“O impeachment no Brasil nada mais é do que o fruto mais exótico da nossa falta de projeto de nação. O país começa de novo a cada eleição, a cada mandato que se inicia. É uma espécie de doença infantil da política brasileira”