Logo no prefácio, Jonathan Cott já fornece, ao leitor, uma chave importante: Susan Sontag (1933– 2004) gostava de dar entrevistas. Na verdade, o jornalista já conhecia a escritora, ativista, dramaturga, crítica e cineasta antes mesmo do bate-papo que resultou em uma antológica entrevista publicada na “Rolling Stone”.

Mas a inclinação a se abrir para um repórter deixa pistas de que o material colhido no encontro – melhor dizendo, nos encontros – foi muito mais volumoso do que o exibido na revista. Motivo pelo qual, há dois anos, a íntegra se transformou em livro, que ganha, agora, a sua versão no Brasil pela Autêntica.

“Susan Sontag: Entrevista Completa Para a Revista Rolling Stone” (128 páginas, R$ 34) é uma obra envolvente sobre uma figura emblemática e hipnotizadora. A conversa com Cott (que já trazia, no currículo, entrevistas com John Lennon e Bob Dylan, para citar alguns) aconteceu em 1978, e foi dividida em encontros separados pelo Atlântico: primeiramente em Paris, e depois em Nova York, totalizando nada menos do que 12 horas de gravações.

O câncer

Neste ínterim, diversos assuntos foram abordados com uma desenvoltura de fato só explicável pelo fato de ambos já terem estabelecido laços anteriores. Alguns intrincados, como o câncer, são desfiados por Sontag com aparente racionalidade. Como quando se recorda dos momentos seguintes ao diagnóstico e à operação à qual se submeteu.

“Experimentei o tipo mais agudo de pânico animal. Mas também tive momentos de júbilo, de tremenda intensidade. Eu sentia (como se alguma coisa fantástica estivesse acontecendo, como se estivesse embarcado numa grande aventura) – a aventura de estar doente e talvez morrendo, e é algo extraordinário estar disposta a morrer. Não quero dizer que foi uma experiência positiva (...) mas é claro que teve um lado positivo”.

Outros temas

Assuntos das mais diversas naturezas são abordados nos encontros, como o apreço da nova-iorquina pela filosofia, demonstrado já na adolescência. Alguns dos ensaios que seguem até hoje sendo estudados também são esmiuçados aqui, como “Sobre Estilo”.

O papo gira ora sobre o modo de escrever adotado por Sontag (“gostaria de aprender a escrever de uma maneira que castigasse menos meu corpo”) ora sobre seu filme “Irmão Carl” ou mesmo sobre Bach. Um leque amplo no qual a inteligência e a agudeza de Sontag só fazem se confirmar.

LANÇAMENTOS

"Angela Merkel - a chanceler e seu mundo'
O jornalista Stefan Kornelius examina o pano de fundo por trás da vida da chanceler e suas convicções ideológicas, a fim de explicar a natureza de seu poder e seu influente papel na Comunidade Europeia. Editora NVersos. 288 páginas. R$ 39,90.

'Mentira que confortam'
Randy Susan Meyers mistura, nesta obra, ingredientes de amor, traição. Nathan, um professor, se envolve com uma estudante, a engravida e a abandona. Editora Conceito. 368 páginas. R$ 39,90.

'A costureita de Dachau'
Mary Chamberlain ambienta Ada Vaughan entre Paris e um campo de concentração. Traída e abandonada, a protagonista precisa decidir entre a verdade e a sobrevivência. Editora Agir. 288 páginas. R$ 39,90.

'Memória falsa'
Miranda acorda sem memória e descobre que é parte de um grupo de adolescentes geneticamente modificados com habilidades de combate quase perfeitas. Autor: Dan Krokos. Editora V&R. 320 páginas. R$ 42,90

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