Longa em cartaz, ‘Emma’ tem enredo já conhecido do público

Paulo Henrique Silva
03/01/2019 às 07:00.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:50
 (Divulgação)

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Numa época de grande revisão sobre os papéis da mulher e do homem na sociedade, o filme italiano “Emma e as Cores da Vida”, também em cartaz nos cinemas de Belo Horizonte, soa bastante datado, ao assumir o ponto de vista de publicitário “Don Juan”, Teo (Adriano Giannini), que engana todas as mulheres com quem envolve.

Este descompasso contamina nosso olhar sobre o filme, já que esperamos, no mínimo, que o personagem receba punição à altura das mentiras que pregou, mas a narrativa avança no sentido de redimi-lo, exibindo-o como um homem que, desvinculado da família, trai porque é incapaz de criar outro núcleo para si.

Não se trata de uma drama sobre descobertas, mas sim de uma comédia solar de Silvio Soldini, o mesmo nome que assinou “Pão e Tulipas” (1999), sobre uma dona de casa que abandona marido e filhos para refazer a vida em Veneza. Na época, Soldini estava sintonizado com os ventos libertários que empoderavam a mulher.

Sem controle

Em “Emma e as Cores”, ele também propõe um redirecionamento de vida para o protagonista de Giannini. Carismático e hábil ao articular vários relacionamentos simultâneos, sempre usando o poder da posição que ocupa, o personagem perde o controle ao encontrar uma bela mulher cega, Nadia, vivida por Valeria Golino (“Rain Man”).

O publicitário passa a ter outra percepção sobre tempo, objetos e outros aspectos que a sua vida agitada não se dava conta. É como se fosse reeducado, mas esses valores nunca são definitivamente encarnados por ele na sua vida amorosa, prevalecendo ainda o “Don Juan”, o que explica o fato de o filme cair muito na segunda metade.

“Emma e as Cores da Vida”, como já evidencia o título, deveria ser de Golino, que tema atuação extraordinária, mas a insistência de Soldini em dar maior espaço ao “Don Juan” prejudica os poucos pontos de interesse que surgem durante a narrativa. Fica uma vontade não realizada de querer conhecer mais sobre a vida da osteopata cega.

O cineasta italiano, que já havia se debruçado sobre a questão da cegueira no documentário “Para Outros Olhos”, sobre o escultor Felice Tagliaferri, prende-se à ideia do cafajeste boa gente, e o resultado não foge a tantas outras tramas sobre sedutor que acaba sendo seduzido por uma de suas “vítimas”.

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