Foi muito frustrante participar do Fringe de 2012, admite Rodrigo Portella: apesar da qualidade inegável do espetáculo de estreia da sua Cia, a Cortejo viveu a mesma sensação desagradável de outros grupos que passaram em brancas nuvens pela mostra paralela do Festival de Curitiba. Embora não tenha sido o primeiro nem venha a ser o último.

A torcida, agora, é que este ano não seja igual ao que passou: escalado para três sessões apenas no Mini Guaira, entre esta sexta (5) e o próximo domingo (7), "Antes da Chuva" acende as expectativas de se tornar uma das melhores apostas do Fringe. Algo de animador entre as centenas de montagens locais e de vários Estados, inclusive de Minas, que se deslocam até Curitiba à procura de visibilidade.

Em termos de visibilidade, a Cortejo não pode se queixar de "Uma História Oficial", sua primeira produção: desde a estreia, em 2011, realizou temporadas em Juiz de Fora e Três Rios/RJ, cidades onde moram os componentes da companhia; participou de festivais importantes; venceu quatro categorias (Espetáculo, Direção, Luz e Atriz Coadjuvante) no 10º Festival de Teatro Cidade do Rio de Janeiro, superando mais de 100 concorrentes; está em cartaz no Teatro Laura Alvim, no Rio de Janeiro; e em maio se apresenta em Nova York, Estados Unidos, pela Brazilian Endowment for the Arts.

Prêmio Nobel

E da mesma maneira que "Uma História Oficial" se inspira na novela "Cândida Eréndira e sua avó Desalmada", "Antes da Chuva" também buscou subsídios na ficção do colombiano Gabriel García Márquez, prêmio Nobel de Literatura de 1982.

Autor, diretor e iluminador deste novo espetáculo, Rodrigo Portella somou elementos de "O Amor nos Tempos do Cólera" à trama de "O Leitor" e situações vividas pela avó de sua mulher, Bruna Portella, índia peruana que desceu o Rio Amazonas com os 16 filhos para escapar da tirania do marido.

Bruna e Luan Vieira vivem os papeis do garoto que se liga amorosamente a uma nativa alguns anos mais velha, num decadente povoado às margens de um rio.

Antes de ganhar os desdobramentos de dramaturgia que lhe conferiram uma hora de duração, "Antes da Chuva" foi uma cena curta de muito sucesso. Abocanhou oito prêmios nos festivais do gênero que participou em Cabo Frio, Niterói, Petrópolis, Juiz de Fora e Três Rios. Na época, se limitava a uma versão sintética de "O Leitor", o romance de Bernhard Schlink, levado ao cinema com muito sucesso.

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