"Mar de Minas" é mostrado em segundo volume do livro "Águas da Esperança"

Elemara Duarte - Hoje em Dia
13/05/2014 às 08:23.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:33

(Cyro José/Divulgação)

O segundo volume de “Águas da Esperança” (R$ 60, à venda no www.aguasdaesperanca.com.br), série de três livros sobre as cidades que circulam o Lago de Furnas – ou o que sobrou delas – será lançado nesta terça-feira (13), às 19h, no Centro de Arte Popular Cemig (rua Gonçalves Dias, 1608, Lourdes, BH). No segundo lançamento são mostrados os municípios de Varginha, Três Pontas e Boa Esperança.

O livro tem belas fotografias de Cyro José e textos do escritor João Novais. Cyro, natural de Formiga, um dos municípios do entorno do lago, diz que no volume anterior, ele começou a falar da sua própria cidade, além de Pimenta, Guapé e Capitólio. "O próximo sai no ano que vem e vamos falar de Alfenas, Carmo do Paranaíba e São João Batista do Glória e Alpinópolis", antecipa

'Marzão, sô!'

O Lago de Furnas é a maior extensão de água de Minas, e um dos maiores lagos artificiais do mundo, com 1.500 quilômetros quadrados. Por isso, é apelidado como o “Mar de Minas”. O espelho d’água está entre 52 municípios – apenas parte deles entrará na série. O lago abastece a Usina Hidrelétrica de Furnas criada em fevereiro de 1957. Está localizado no Rio Grande. A primeira unidade da Usina entrou em operação em 1963.

Segundo o fotógrafo, o livro chama-se “Águas da Esperança”, pois o projeto do lago parecia um jogo apenas de revezes, mas que, hoje, virou sorte para muitos.

“Na época da inundação, o projeto foi considerado um desastre para muitos fazendeiros. Hoje é o contrário. Além da questão turística, ele também é importante para lavouras e a pesca da população”, defende.

A história da esperança

Esperança, além de nome de uma das cidades retratadas no livro, também denomina uma famosa serra da região de Furnas. A "Serra da Boa Esperança" ganhou fama por meio da canção do compositor Lamartine Babo (1904-1963).

Há várias versões de histórias de como este clássico do samba-canção brasileiro foi escrito. Porém, todas indicam a série de correspondências trocadas por Babo com o dentista-músico Carlos Alves Neto, morador da então Dores de Boa Esperança (antigo nome do município de Boa Esperança). Carlos colecionava fotos autografadas de artistas e, pensando que facilitaria o contato com Babo, resolveu utilizar o nome de uma mulher para conseguir uma lembrança vinda de Lamartine Babo.

Porém, a "mulher" em questão era a sobrinha de dez anos do dentista-músico. Depois de vários meses de cartas trocadas, Babo foi convidado para ir até a cidade para o show da orquestra que o dentista estava fundando.

Então, vislumbrando a oportunidade de conhecer a fã interessada e misteriosa, ele foi para a cidade. Contudo, já de cara foi informado sobre a malandragem. Boquiaberto, no primeiro momento, Babo teria olhado para a monumental serra e se inspirado a escrever a canção.

Sem mágoas, deixando a arte e a criatividade falarem mais alto, a melodia de "Serra da Boa Esperança" foi transferida para a partitura pelo próprio Carlos. A música foi gravada por vários intérpretes, entre eles, uma das versões mais comoventes vem de Jair Rodrigues, cantor que morreu aos 75 anos, na última quinta-feira.

Hoje, a cidade mantém na praça central um monumento em homenagem a Lamartine Babo, o "Lalá". Desde 1997, as cartas que fã e ídolo trocaram, datadas de 1936, foram tombadas, logo após doação efetuada pelo dentista-músico ao município.

A letra

"Serra da Boa Esperança,
Esperança que encerra.
No coração do Brasil,
Um punhado de terra.
No coração de quem vai,
No coração de que vem,
Serra da Boa Esperança,
Meu último bem.

Parto levando saudades,
Saudades deixando,
Murchas, caídas na serra,
Bem perto de Deus.
Oh, minha serra,
Eis a hora do adeus,
Vou-me embora.
Deixo a luz do olhar
No teu luar,
Adeus!

Levo na minha cantiga
A imagem da serra.
Sei que Jesus não castiga
Um poeta que erra.
Nós, os poetas, erramos
Porque rimamos, também.
Os nossos olhos nos olhos
De alguém que não vem.

Serra da Boa Esperança,
Não tenhas receio.
Hei de guardar tua imagem
Com a graça de Deus!
Oh, minha serra,
Eis a hora do adeus,
Vou-me embora.
Deixo a luz do olhar
No teu olhar.
Adeus!"
 

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