Mariana Ximenes tira lições de sua última personagem

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
04/10/2015 às 08:36.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:56
 (Europa/Divulgação)

(Europa/Divulgação)

BRASÍLIA – É a própria Mariana Ximenes quem empurra os móveis para uma sessão de fotos. E a cada click pede ao fotógrafo para ver o resultado, repetindo a pose quando acha que pode melhorar. A espera para falar com a atriz do filme “Prova de Coragem” - exibido no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e com estreia prevista para 21 de abril – é longa, mas ela sabe compensar essa demora com simpatia e interesse.

Brinca e se solidariza com o repórter quando esse revela que se identificou com uma determina situação do filme de Roberto Gervitz. “Me conta por quê?”, diverte-se, já imaginando a razão. Baseada em livro do gaúcho Daniel Galera (“Mãos de Cavalo”), a trama registra o desencontro de planos de um casal. Hermano, o médico vivido por Armando Babaioff, quer subir uma montanha. E a artista plástica Ádria resolve ter um filho.

“A mulher tem seu relógio biológico. Hoje em dia é um conflito grande da mulher de 30 a 45 anos, um assunto bem contemporâneo. Ficou muito complicado para a mulher que trabalha para caramba, quer a independência dela, com o mundo fazendo uma demanda gigantesca. Ao mesmo tempo há um limitador, o da idade, pois chega um momento em que você não ovula mais. Como você faz?”, indaga.

Mariana, de 34 anos, vem trabalhando muito. Tem nada menos do que cinco filmes para serem lançados até 2016. O ritmo acelerado não a impede de projetar a função de mãe. “Ainda não tive meus filhos. Mas vou ter. Por enquanto exerço a maternidade com meus afilhados”, avisa a atriz, que espera que “Prova de Coragem” traga valiosas reflexões sobre algo muito em falta nos relacionamentos amorosos: a tolerância.

“Os relacionamentos ficaram com poucos diálogos, não são absolutamente sinceros na hora, deixando um acúmulo de frustrações. Chega uma hora que tudo explode”, avalia Mariana, que diz ter aprendido muito com Ádria. “Ela tem um lado especial, de inspiração, do desejo de se expressão da forma mais pura e genuína, mesmo quando seu obstetra fala que não pode. Ela precisa botar tudo para fora. Quer tudo e muito mais”.

Muitas das personagens de Mariana Ximenes carregam essas características: são intransigentes. A Josie, de “Um Homem Só”, papel pelo qual ganhou o troféu Kikito de melhor atriz no Festival de Gramado, em agosto, é tão temperamental como Ádria. “Mas Josie é mais imatura, uma mal humorada com humor. Gosto de mulheres com temperamento forte. Não sou assim, mas tenho minha personalidade. Sou taurina”, avisa.

Mariana se assusta quando o repórter contabiliza 29 investidas no cinema. “Gente! Credo! Alguma coisa está errada, não é tudo isso, não! A verdade é que nunca parei para contar”, diverte-se. Não é preciso dizer que ela vem abrindo maior espaço para o cinema na sua agenda profissional. “Tenho uma tara por cinema. Tenho fome de fazer, é a forma de me arriscar”, afirma a atriz, que muitas vezes abre mão do cachê para virar produtora associada.

Em outros, ela é produtora de verdade, trabalhando desde a concepção original do filme. “É uma forma de se envolver com todas as etapas, saber que profissional você quer para esse tipo de filme. Tudo influencia no meu trabalho, a direção de arte, o figurino, a maquiagem, além do diretor, claro”, assinala. Lembra que, se não tivesse um maquiador meticuloso e paciente com Martin, em “Um Homem Só”, o corpo sardento de Josie iria “ficar um borrão, parecendo sujeira”.

O fato de ser um rosto bonito ainda atrapalha na busca de projetos mais experimentais, mas Mariana destaca que, “de alguma maneira, tem mostrando que estou aí, que sou brother, que topo desde que tenha um bom projeto”. Em longas como “A Máquina”, “Quincas Berro d´água” e “Grande Circo Místico”, ela ligou para o diretor e pediu para fazer o teste. “Ele não analisa nossa qualidade de atriz, mas se posso ou não fazer o personagem”.

Mariana observa que sempre teve avidez por exercer o seu ofício. Sempre quis ser atriz, desde os seis anos de idade. Um divisor de águas foi “O Invasor” (2002), de Beto Brant. “Foi uma experiência muito transformadora para mim. Fui muito estimulada pelo Beto, em sua forma autoral de fazer cinema”, elogia a atriz, que atualmente está gravando um seriado para a Rede Globo, um reality show de ficção filmado num presídio.

O repórter viajou a convite da organização do Festival de Brasília

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