“Marmelada de banana, bananada de goiaba, goiabada de marmelo”. A continuação da música de Gilberto Gil desemboca no título da obra mais icônica de Monteiro Lobato. Incrustada no imaginário coletivo do brasileiro, “Sítio do Picapau Amarelo” entrou em domínio público neste mês, tornando livre a edição de textos da obra. Isso significa, também, que desenhos, espetáculos teatrais e musicais sobre a trama podem ser produzidos sem pagamento de direitos autorais – notícia que empolgou o mercado cultural, que já vislumbra novos lançamentos editoriais e audiovisuais.
Escrito entre 1920 e 1947, “Sítio do Picapau Amarelo” compreende 23 volumes que reúnem histórias de estímulo ao universo imaginativo infantil. No sítio, Dona Benta, uma amável senhora de 70 anos, vive com a neta Lúcia, de apelido Narizinho, e a Tia Nastácia, empregada da casa. Junto aos residentes, misturam-se personagens que transitam entre o real e o imaginário, tal como a boneca de pano Emília, o Visconde de Sabugosa e a assustadora Cuca. Primo de Narizinho, Pedrinho também volta e meia sai da cidade para passar as férias no sítio.
O livro é o abre-alas da vasta produção literária infantojuvenil de Monteiro Lobato, cuja morte completou 70 anos em 2018. Natural de Taubaté (SP), o escritor faleceu em 4 de julho de 1948, aos 66 anos, vítima de um espasmo cerebral. Também jornalista, editor e empresário, Lobato é considerado até hoje um dos grandes nomes da literatura brasileira.
Produções
Entre as novas publicações motivadas pela inclusão do clássico de Lobato em domínio público estão os livros da série “A Turma do Sítio do Picapau Amarelo”. Tratam-se de oito volumes lançados até agora, pela editora Ciranda Cultural, cada um dedicado a uma história ou personagem do sítio. Os livros trazem ilustrações inéditas do paulistano Fendy Silva, que também é educador especializado em educação infantil.
“As histórias contam o que os personagens aprontam dentro e fora do Sítio do Picapau Amarelo, um lugar onde acontece de tudo, desde visitas de anjos e personagens de contos de fadas a conversas entre animais falantes”, explica o ilustrador. “Eles também viajam para lugares incríveis, como o País da Gramática e o País das Fábulas, onde aprendem muitas coisas”, completa.
Silva destaca que a ideia de ilustrar as obras partiu da importância do legado do escritor de Taubaté. “Lobato tinha uma habilidade incrível de contar histórias de uma forma tão empolgante e ao mesmo tempo ensinar cultura. É leitura obrigatória para toda criança brasileira. O que se aprende lendo os livros de Lobato equivaleria a muitos anos de currículo escolar”, defende, revelando que a ideia é lançar novos volumes.
Para o ilustrador – que tem na “ousada e exótica” Emília sua personagem favorita – o rico universo de Lobato ainda é uma importante ferramenta de imaginativa, mesmo em tempos repletos de opções virtuais de divertimento.
“Acredito que a cultura de uma pessoa e até de uma nação se dê, também, graças a bons hábitos de leitura. Portanto, penso que seja uma questão de exposição à cultura e de desenvolvimento do hábito e do gosto pela leitura. Uma reeducação”, finaliza.
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