Mercado musical crescente demanda engenheiros de som em BH

Cinthya Oliveira - Do Hoje em Dia
06/02/2013 às 13:08.
Atualizado em 21/11/2021 às 00:46
 (Samuel Costa)

(Samuel Costa)

Graças ao crescente acesso facilitado a equipamentos de som, proliferaram estúdios por todos os cantos da capital mineira – dos bairros mais abastados aos mais carentes. Hoje é normal ver um músico montar um estúdio próprio num quarto da própria casa.

O aumento no número de estúdios também é proporcional à demanda. Nunca se gravou tantos discos em Belo Horizonte, nem houve tanta produção publicitária. Mas a grande procura por gravações esbarra num enorme entrave: há poucos profissionais realmente qualificados para realizar uma produção de qualidade.

Para ser um bom produtor ou engenheiro de som, não basta gostar do ambiente de estúdio e saber apertar botões. É preciso ter uma aguçada sensibilidade auditiva e estudar muito – especialmente por meio de livros e revistas dos Estados Unidos e Europa, já que não há formação na área em Minas Gerais.

Muito trabalho

Christiano Caldas entra no time seleto dos poucos profissionais capacitados. Multi-instrumentista, produtor e engenheiro de som e áudio, ele é bastante requisitado. Começou a frequentar estúdios aos 16 anos e hoje, aos 34, já pode selecionar com o que deseja trabalhar – seu foco atual é a mixagem, feita em seu estúdio, localizado em Contagem.

Recentemente, masterizou e mixou o disco de Darcy James Argue com a Big Band do Palácio das Artes (junto com Thiago Nunnes) e atuou como pianista e produtor no disco "Ao Vivo no Museu de Arte da Pampulha", de Thiago Delegado. Também participa como instrumentista e produtor do recém-gravado álbum de Affonsinho.

"O perfil de gravação mudou. Pessoas têm em casa os equipamentos ou vão a estúdios com preços muito acessíveis. Hoje, o grande diferencial é realmente o trabalho humano", afirma Christiano Caldas.

Ele já trabalhou em estúdios dos Estados Unidos e Inglaterra (inclusive, o lendário Abbey Road) e sempre que viaja para masterizar e mixar um trabalho, estuda com antecedência as informações sobre o equipamento do local.

"Em função das leis de incentivo, o mercado está muito bom. São muitos festivais no calendário da cidade. Isso estimula a produção de áudio", diz Caldas.

Detalhes

Fabrício Galvani é um dos engenheiros preferidos da turma do rock e do hip hop belo-horizontino. Dono do estúdio Casa Antiga, já trabalhou com Julgamento, Juliana Perdigão, Ladston do Nascimento, Pablo Castro, Thelmo Lins e outros.

Para ele, um bom engenheiro de som deve compreender a expectativa do cliente. "É importante ficar atento aos detalhes e saber trabalhar em conjunto. É preciso ter a cabeça aberta para ouvir os músicos e entender que aquele ponto de vista é melhor do que o seu. Não é uma matemática certinha".

Para ele, se há poucos profissionais qualificados, é porque boa parte dos músicos tem preguiça de estudar a fundo a área técnica. "As pessoas não se aprofundam nem buscam um diferencial".

Evolução de microfones a cabos

O pernambucano Kiko Klaus, radicado em Belo Horizonte há 11 anos, tem dificuldade em atender à enorme demanda por engenheiros de som. "É complicado indicar alguém quando não posso pegar um trabalho, porque os poucos três ou quatro em quem confio também estão sempre atolados", diz.

Klaus teve seu primeiro contato com a profissão quando foi para Los Angeles fazer faculdade de música. Ele foi convidado pelo músico e professor Carlos Jaramillo a frequentar as aulas de Engenharia de Áudio como ouvinte.

"Passei o meu ciclo universitário fazendo os dois cursos. Foi importante para eu ter uma base bibliográfica e científica sobre áudio", lembra Klaus.

De volta ao Brasil, ele montou um grande estúdio em Recife (a Fábrica Estúdios, hoje nas mãos dos antigos sócios) e, depois de vir a Belo Horizonte para acompanhar a esposa bailarina, criou o estúdio Camarada Mixmaster.

É um profissional que faz questão de estar bastante atualizado. Frequenta convenções e eventos mundiais sobre engenharia e equipamentos e participa de listas de discussão com produtores de todos os cantos do mundo. "E não basta apenas conhecer os aparelhos. Para mim, os melhores produtores são também músicos".

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