Mesmo se Sean Penn não vier... "Colegas" entra em circuito na sexta

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
26/02/2013 às 14:25.
Atualizado em 21/11/2021 às 01:22

(Gatocine)

Sem manter qualquer relação com o cinema brasileiro, o ator/diretor americano Sean Penn se viu, involuntariamente, envolvido nos preparativos de estreia de "Colegas", que será lançado sexta-feira (1°), em cerca de 100 salas do país.

Tudo por conta da campanha #vemseanpenn engendrada a partir do desejo de um dos atores do longa, Ariel Goldenberg, de ter o astro sentado na poltrona ao seu lado, no dia da estreia. Com 1,3 milhão de views, a peça já é candidata a hit de 2013 no YouTube.

"Várias pessoas entraram no circuito, até o agente dele. A notícia que temos é que ele já viu o vídeo, mas ainda não temos um feedback (sobre uma eventual vinda do ator ao Brasil)", afirma Marcelo Galvão, diretor do filme que reúne três portadores de síndrome de Down num road-movie.

Divulgação

O vídeo despertou o interesse de potenciais espectadores, disseminou a tag e a possibilidade de Penn vir ao Brasil alimentou os veículos de comunicação, ajudando na divulgação do longa, o primeiro – de ficção – do país a ter portadores da síndrome como protagonistas.

"Fizemos o vídeo em cima do sonho do cara, que se inspirou em Penn ao decidir ser ator. O fato de ele querer mostrar o filme é um motivo de orgulho para mim. Se fosse ruim, não iria querer mostrar. O que fizemos foi ajudar para que as coisas acontecessem", observa.

Galvão conta com o boca a boca para fazer de "Colegas" um sucesso, repetindo a comoção do público ao final da projeção em festivais pelo mundo. No Festival de Gramado, ano passado, a produção ganhou o Kikito de filme, direção de arte e especial do júri, para Goldenberg, Rita Pook e Breno Viola.

Boca a boca

Filmes que abordam portadores de necessidades especiais têm lugar cativo na história do cinema, como "O Homem Elefante", "Marcas do Destino", "Rain Man", "Filhos do Silêncio" e "Meu Pé Esquerdo". Ariel Goldberg, por exemplo, teria se impressionado com Sean Penn após assistir a "Uma Lição de Amor". Ano passado, o francês "Intocáveis" mostrou a relação de um tetraplégico rico e um enfermeiro pobre.

Mas Galvão ressalva que não é um filme sobre síndrome de Down, mas uma aventura que proporciona risadas e emoções: "Temos um bom produto e acho que terá um boca a boca forte. Queremos mostrar que filmes bons também conseguem fazer a bilheteria da Globo Filmes", defende-se

Para diretor, Ariel mostra muita paixão pelo trabalho

A trajetória de Ariel Goldenberg como ator não surpreende o diretor Leonardo Cortez. Há 13 anos ele assina os espetáculos do Grupo ADID de teatro, de São Paulo, formado por artistas com síndrome de Down e onde Goldenberg deu seus primeiros passos.

"O Ariel mostra muita paixão pelo trabalho, o que uma característica de todos que trabalham aqui. Sou fã dele, do Diogo Junqueira, que já tem carteira de ator; da Bia Paiva, a primeira portadora a escrever um livro sobre inclusão, e do João Simões, que antes tinha dificuldade de dizer um bom dia e hoje faz monólogo de uma página", destaca.

A ADID (Associação para o Desenvolvimento Integral do Down) está em cartaz, na capital paulista, com o espetáculo "A Viagem do Capitão Tornado", adaptação do romance de Théophile Gautier. "As peças eram bem simples no começo, mas assim que eles se familiarizaram com a linguagem teatral, foram capazes de dar respostas mais elaboradas. Esse progresso mostra que, além da função artística, o teatro trabalha o lado pedagógico também".

Minientrevista com Ariel Goldenberg

Como surgiu a ideia da campanha para trazer Sean Penn para o lançamento de "Colegas"?

Meu sonho é que o Sean Penn venha lá dos EUA e assista ao filme do meu lado.

E ele vem?

Não tenho ideia. Pensei em encontrá-lo nos EUA, mas não tenho visto. (na edição de domingo, a Folha de São Paulo aventou a hipótese de o ator fazer uma surpresa a Ariel)

A escolha se deve à atuação dele em "Lição de Amor", em que interpreta um personagem com síndrome de Down?

Isso! Eu vi o filme na TV e adorei. Gostaria de dizer para ele que adoro o trabalho que faz. Por isso quero que ele n a estreia. Se conseguir, é claro.

Você já viu outro filme dele, como ator ou diretor?

Vi no cinema "Caça aos Gângsteres", em que faz o vilão. Está muito bem.

Gostaria também de interpretar um vilão?

Sim, posso fazer também uma expressão de psicopata.

Surgiram propostas para fazer outros filmes?

Ainda não, estou aguardando. No momento, estou só ajudando na divulgação de "Colegas".

O filme mostra um grupo de portadores de Down roubando carros e participando de uma louca escapada, como se dissesse que fazer um pouco de coisa errada não é tão ruim assim. Concorda com essa leitura?

Essa história é baseada no filme "Thelma & Louise", do Ridley Scott, em que duas mulheres fogem num carro. Nós tentamos fazer a mesma coisa.

Grato pela entrevista, Ariel. Gostaria de destacar mais alguma coisa?

Gostaria de lhe perguntar: você conhece alguém nos EUA? Tem como essa matéria chegar no ouvido do Sean Penn? Mande para ele, por favor.

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