(Divulgação)
Escritora mais bem-sucedida de todos os tempos, J.K. Rowling não pára. Em 2016, a britânica se envolveu em projetos de teatro, TV e cinema, além da literatura. Dois deles renderam um romance, lançado esta semana no Brasil, e um filme com estreia prevista para 0 dia 17. Se repetirem o fenômeno Harry Potter, confirmarão Rowling como uma espécie de Midas contemporâneo, capaz de transformar em ouro tudo o que toca.
Grande aposta no mercado editorial é o lançamento em português do livro “Harry Potter e a Criança Amaldiçoada” (Rocco), versão romanceada da peça de teatro que a escritora assina com Jack Thorne e John Tiffany e que estreou em Londres em julho.
Daqui a duas semanas, será a vez da estreia mundial de “Animais Fantásticos e Onde Habitam”, longa-metragem com roteiro de Rowling e dirigido por David Yates, nome à frente dos últimos filmes da série “Harry Potter” no cinema. Aqui, ela retoma o universo da bruxaria, mas com ambientação nos Estados Unidos.
A nova franquia, protagonizada por Eddie Redmayne – vencedor do Oscar de melhor ator por “A Teoria de Tudo” –, tem tudo para ser um blockbuster. Tanto que duas continuações já estão confirmadas para serem lançadas em 2018 e 2020. A intenção é que seja uma série de cinco filmes.
Ela também é produtora executiva dos três filmes que a HBO está preparando sobre seus romances policiais: "O Chamado do Cuco", "O Bicho da Seda" e "Vocação para o Mal".
Qualidades
Com 450 milhões de cópias vendidas no currículo, Rowling tende a continuar fazendo sucesso, mas só o tempo dirá se os novos trabalhos manterão a qualidade dos livros de Harry Potter.
De acordo com a escritora carioca Rosa Amanda Strausz, uma “expert” na obra de Rowling, muitas vezes se olha para a produção da britânica pelo viés econômico e se deixa de lado o valor artístico da obra.
Depois de Harry Potter, houve uma mudança de paradigmas na leitura dos pré-adolescentes e, consequentemente, no mercado editorial. “Foi uma série que botou os meninos para lerem livros grandes e sem ilustrações. Lembro quando meu filho pegou ‘A Pedra Filosofal’ para ler e me perguntou como era o rosto do Ronny, pois não havia a ilustração dele na capa”, lembra Rosa.
“Harry Potter resgatou aqui no Brasil a tradição de se contar histórias para crianças. Naquele momento, em geral, a produção infantil era dividida entre livros muito didáticos, ensinando valores, ou muito poéticos. Para os meninos de 10 anos, não havia quase nada”, diz a escritora.
Rosa lembra que toda a trama de Harry Potter foi construída a partir de uma grande pesquisa de Rowling sobre a cultura tradicional celta e irlandesa, que no passado havia sido abafada pelo domínio inglês.
“Ali ela fala do folclore britânico e de temas universais como a depressão, as consequências de ser diferente e enfrentar o poder, a amizade e o sangue puro e impuro, um assunto importante para ser discutido na atualidade”, diz a autora brasileira.
Debate
Parte da força de Harry Potter veio no sucesso da obra junto a adultos. Em Belo Horizonte, a professora de português Andrea Camargo, por exemplo, conta que a série do bruxinho não é adotada na escola onde dá aula, mas faz questão de incentivar os alunos a lerem a obra.
“Além de mostrar aos garotos a partir dos 8 anos que é possível se divertir com um livro mais grosso, podemos sempre fazer debates interessantes em sala de aula. É uma obra que trabalha, em diferentes níveis, a importância de se valorizar as diferenças”, diz.