CINEMA

Mineiro 'Canção ao Longe', de Clarissa Campolina, disputa troféu Candango do Festival de Brasília

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
27/10/2022 às 19:54.
Atualizado em 27/10/2022 às 20:04

Após 10 anos de completo silêncio, ele busca restabelecer o contato com a filha através de cartas (Anavilhana/Divulgação)

O longa-metragem mineiro "Canção ao Longe", de Clarissa Campolina, é um dos concorrentes do 55º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, um dos mais importantes do país, que acontece de 14 a 20 de novembro, na capital federal. O filme marca a primeira ficção solo da diretora e debate questões de classe, família, tradição, raça, gênero e identidade.

Clarissa também assina o roteiro do filme, ao lado de Caetano Gotardo e Sara Pinheiro, que trata da busca de identdiade de uma jovem arquiteta. Vinda de uma família tradicional de Belo Horizonte,a protagonista Jimena é responsável pelo desenho técnico da nova sede da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Seu pai deixou o Brasil quando ela tinha só 4 anos e, após 10 anos de completo silêncio, ele busca reestabelecer o contato com a filha por meio de cartas.

Entre os longas da Mostra Competitiva Nacional foram selecionadas também duas produções do Distrito Federal, feito inédito na história do festival: "Mato seco em chamas", de Adirley Queirós e Joana Pimenta, obra futurista que explora os impactos da presença da extrema-direita em ambientes de favela; e "Rumo", de Bruno Victor e Marcus Azevedo, sobre a trajetória de implementação das cotas raciais em universidades brasileiras.

E é justamente no debate político-social brasileiro que se firma o restante da programação de longas. O documentário fluminense "Mandado", de João Paulo Reys e Brenda Melo Moraes, investiga o sistema penal brasileiro; enquanto o título paulista-amazonense "A invenção do outro", de Bruno Jorge, acompanha expedição humanitária do indigenista Bruno Pereira na Amazônia em busca da etnia isolada dos Korubos. Há ainda o pernambucano "Espumas ao vento", de Taciano Valério, contrapõe o labor da arte à expansão de igrejas neopentecostais pelo Brasil.

O mais longevo festival de cinema do país apresentará mais de 40 títulos de todas as regiões brasileiras e uma homenagem ao veterano realizador Jorge Bodanzky. Com quase 1.200 filmes inscritos, a seleção oficial é dividida entre longas e curtas das mostras Competitiva Nacional e Brasília, além de duas mostras paralelas de longas e sessões hors-concours. 

Entre os curtas da Competitiva Nacional, um panorama da produção nacional traz títulos de Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Paraíba, Pernambuco, São Paulo e Rio Grande do Sul. A ficção "Big bang" (MG/RN), de Carlos Segundo, debate a sistemática exclusão social; enquanto" Ave Maria" (RJ), de Pê Moreira, pensa afetos e relações familiares; e "Lugar de Ladson" (SP), de Rogério Borges, discute acessibilidade a partir da história de um garoto cego que não sai de casa, buscando em seu celular um encontro amoroso. "Calunga maior" (PB), de Thiago Costa, se inspira na cultura bantu para abordar relacionamentos afetivos e memórias da diáspora africana; e Sethico (PE), de Wagner Montenegro, explora a tragédia colonial ante as vidas negras no Recife.

"Anticena" (DF), de Tom Motta e Marisa Arraes, traz o tom da competição ao tratar de arte, oportunidade e empregabilidade no Brasil. "Do Rio de Janeiro, Nossos passos seguirão os seus…", de Uilton Oliveira, resgata a memória de Domingos Passos, militante anarquista do movimento operário brasileiro. "Escasso, do duo Encruza" (Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meirelles), se estrutura como falso documentário a narrar os anseios de uma passeadora profissional de pets em busca da casa própria.

De São Paulo, "São Marino", de Leide Jacob, conta a história de um monge transmasculine do século VI canonizado como Santa Marina; e de Pernambuco "Capuchinhos", de Victor Laet, narra uma bem-humorada saga de duas jovens por conexão de internet em meio a uma floresta. A liberdade feminina é mote explorado em "Nem o mar tem tanta água" (PB), de Mayara Valentim; e conflitos de tradição indígena entre meninas e mulheres ganha a tela em "Um tempo para mim" (RS), de Paola Mallmann de Oliveira.

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