Moraes Moreira revisita a música daqueles 'cabeludos' dos anos 70

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
19/07/2016 às 19:43.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:22

(JULIO DEL TURCO/DIVULGAÇÃO)

Ele foi o primeiro a deixar o grupo. Quatro décadas depois, Moraes Moreira é quem mais recorre ao repertório do Novos Baianos. “É uma fonte eterna. Todos continuam bebendo dessa fonte. Não tem jeito”, avisa o cantor, que estará amanhã (21) no palco do Grande Teatro do Palácio das Artes, passando a limpo músicas que marcaram uma época, escritas e executadas por “uns cabeludos alegres”, como lembra.

Nem dá para culpar a saudade, porque Moraes acaba de vir de uma turnê comemorativo dos 40 anos de lançamento do CD “Acabou Chorare”. Sem falar que ele já retomou a parceira com antigos companheiros – Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Luiz Galvão e Paulinho Boca de Cantor – num revival que percorrerá várias cidades do país. Em Belo Horizonte, o show acontecerá em 10 de setembro, no BH Hall.

“Afastei do grupo, na época, porque eu precisa criar uma cosia nova. Precisei refazer a minha carreira, pois tudo que tinha feito até então foi com eles. Não foi fácil”, recorda Moraes, que acabou de completar 69 anos no último dia 8. No show solo, ele dá atenção a discos não tão emblemáticos como “Acabou Chorare”, além de atender os fãs com os seus hits – as indefectíveis “Pombo Correio” e “Festa do Interior”.

“O show é uma maneira de mostrar como as músicas foram feitas, a partir do violão. Estou desnudo no palco, acompanhado apenas por um músico”, registra Moraes, que também declama 38 poesias de cordel de sua autoria, que contam toda a trajetória do Novos Baianos, criado em 1969. “Além de falar tudo como foi, faço uma contextualização da época, em que vivíamos a ditadura”, destaca.

O cantor assinala que, quando criaram o NB, a ousadia deles foi a de não se contentarem em tocarem juntos, mas viverem sob o mesmo teto, como uma comunidade. “Isso foi fundamental para as composições. Era tudo resultado daquela vivência diária e da maneira de se relacionar com aquela estrutura política. Tínhamos a nossa forma de resistir, a partir de muita alegria”, analisa Moraes.

O compositor lembra que aquela forma de resistência surpreendia tanto quem era de esquerda quanto os de direita. “Os de esquerda falavam que a gente não podia ser tão alegre. E os direita nos achavam muito loucos. Ninguém gostava da gente. Nossa inspiração vinha do underground, do cenário musical londrino dos anos 60. Absorvemos isso tudo e mostrávamos do nosso jeito”, define.

Na sua visão, tiveram as condições culturais ideias para criar uma musicalidade tão forte. “Éramos quase uma irmandade. Não éramos irmãos de sangue, mais de ideias e ideais”, resume Moraes, explicando a razão de as músicas do NB fazerem tanto sucesso entre as gerações mais novas.

“A internet nos ajudou. Assim nosso trabalho permanece incrível, atemporal e até hoje soa moderna”, avalia. Sobre o reencontro da banda, 17 anos depois de dividirem pela última vez o palco, afirma que seria apenas um show em Salvador. Mas a intensa procura por ingressos, que se esgotaram em uma hora e meia, fizeram os músicos mudarem de planos. “A intimidade voltou rapidinho. O clima é o mesmo dos anos 70”, avisa.

 Moraes Moreira - Amanhã (21), às 21h, no Grande Teatro do Palácio das Artes. Ingressos: R$ 70 (plateia I e II) e R$ 50 (plateia superior)

Dê um Rolê - unto com o alimento, para a retirada do ingresso. A reserva não garante acesso ao show.

Novos Baianos - Acabou Chorare - No dia 10/9, às 22h, no BH Hall (Av. Nossa Senhora do Carmo, 230). Ingressos: Pista/Arquibancada - 1º lote: R$ 140 (inteira) e R$ 70 (meia); 2º lote: R$ 160 (inteira) e R$ 80 (meia); 3º lote: R$ 180 (inteira) e R$ 90 (meia); 4º lote: R$ 200 (inteira) e R$ 100 (meia); 1º lote: R$ 220 (inteira) e R$ 110 (meia). Vendas: bilheteria (terça a sábado, de 12h às 20h; domingos e feriados, de 13h às 20h) ou pelo site www.ticketsforfun.com.br

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